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1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em Portugal

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Mensagem por Gonçalo Elias Ter Mar 20, 2018 5:12 am

Saiu recentemente o 1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em Portugal, que está disponível para consulta aqui.

Este relatório "faz uma análise da tendência a longo prazo da área de ocorrência das aves noturnas em Portugal Continental." e conclui que cinco espécies estão em diminuição no nosso país: Tyto alba, Otus scops, Athene noctua, Strix aluco e Caprimulgus ruficollis.

Deixo aqui as minhas impressões sobre este relatório. Após uma leitura atenta do mesmo, não consigo compreender como se chega à conclusão de que a maioria das espécies está em diminuição. A metodologia usada para chegar a esta conclusão é, no mínimo, discutível.

O que os autores fizeram foi comparar os primeiros dois atlas de nidificantes (1978-1984 e 1999-2005), a seguir um período chamado inter-atlas (2005-2014) e por fim o terceiro atlas, que está em curso.

Para determinar a tendência de cada espécie, comparou-se a percentagem de unidades de amostragem em que cada espécie foi detectada. Os resultados obtidos são os que estão expressos no quadro seguinte:

1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em Portugal Noctur10

Em minha opinião, a metodologia de análise utilizada não faz sentido e portanto as conclusões que daqui resultam são erróneas. Estes são os dois grandes problemas que vejo na metodologia adoptada:

Problema 1 - comparar atlas com grelhas diferentes
O primeiro atlas (1978-1984) usou uma grelha rectangular com unidades de amostragem de 32x20 km o que corresponde a 640 km2. À totalidade do território continental correspondem cerca de 175 quadrículas.
O segundo atlas (1999-2005) usou uma grelha quadricular com unidades de amostragem de 10x10 km o que corresponde a 100 km2. À totalidade do território continental correspondem cerca de 950 quadrículas. Cada uma das quadrículas do primeiro atlas corresponde a um pouco mais de 6 no segundo. Este aspecto é importante.

À partida poderá parecer que não tem problema comparar simplesmente a % de quadrículas, no entanto a situação não é bem assim. É muito mais fácil completar um mapa com quadrículas grandes do que com quadrículas pequenas, porque o número de unidades de amostragem a visitar é muito menor. Por outras palavras, uma "bola" no primeiro atlas corresponde a seis no segundo atlas, o que significa que o esforço de amostragem no segundo atlas teria de ser seis vezes superior só para conseguir uma taxa de presença igual. Como o esforço de amostragem para nocturnas não foi seis vezes superior, a tendência natural é que tenha havido uma queda nas taxas de presença.
Acresce que uma espécie pode ocorrer em apenas uma das seis quadrículas 10x10 que compõem um rectângulo de 640 km2 porque não tem habitat no resto. Sem haver qualquer alteração da situação da espécie, a simples mudança de grelha vai fazer cair a taxa de presença: no primeiro atlas nessa quadrícula a espécie tem uma frequência de 100% (foi detectada na quadrícula) e no segundo apenas 17% (ocorre numa mas não nas outras cinco). Conclusão "lógica": diminuiu brutalmente, quando isso não é verdade. O que mudou foi a grelha.

Em minha opinião, para se poder comparar o primeiro atlas com o segundo, então no segundo atlas deveriam agregar-se as quadrículas em lotes de seis (rectângulos de 3x2) e calcular a % no segundo atlas em função da presença em cada um desses rectângulos de seis. Assim a comparação com o primeiro atlas seria mais rigorosa. Aliás, se a comparação fosse feita desta forma, rapidamente se constataria que a área de distribuição da maioria das espécies aumentou, em lugar de diminuir (e as conclusões seriam opostas às que estão no relatório) - basta olhar para os mapas para perceber isso. Tal como está, parece-me que não faz muito sentido.

Problema 2 - calcular percentagens com base em quadrículas não amostradas
Relativamente ao primeiro atlas, não sei avaliar a percentagem de quadrículas amostradas para nocturnas, mas a julgar pelos mapas de distribuição das espécies mais comuns parece-me que todas ou quase todas as quadrículas terão sido visitadas à noite.
Já em relação ao segundo atlas a situação foi muito diferente. Houve dezenas, possivelmente centenas de quadrículas que não tiveram qualquer visita à noite (o esforço seria muito superior, como referi no ponto 1). Nas zonas que estiveram sob a minha supervisão enquanto coordenador regional (distritos de Lisboa, Setúbal, Santarém, Portalegre e parte de Évora), quase todas as quadrículas foram amostradas à noite e a taxa de presença das várias espécies nas quadrículas visitadas era elevada, mas houve zonas do país que praticamente não tiveram visitas nocturnas. Estar a contar estas quadrículas como "ausências" vai obviamente fazer baixar a taxa de presenças e sugerir uma diminuição, que pode não ser verdadeira.

Esta questão de incluir quadrículas não amostradas à noite é extensiva ao terceiro atlas onde se considerou como amostradas "aquelas que tinham pelo menos um registo de uma espécie de ave noturna". Considerando que o mocho-galego é visto frequentemente de dia, isto significa que uma quadrícula onde tenha sido visto mocho-galego conta como amostrada para corujas e noitibós. Ou se tiver sido visto um alcaravão, que para efeito deste relatório também foi considerado espécie nocturna. Isto faz sentido? Em minha opinião, não faz, porque mais uma vez vai puxar para baixo a frequência de ocorrência das outras espécies nocturnas com base em observações fortuitas feitas de dia.

Sou da opinião que as quadrículas não amostradas em visitas nocturnas deveriam ser excluídas da análise e que só se deveria considerar as % de ocorrência em quadrículas onde efectivamente houve prospecção à noite (sim, eu sei, ia dar muito mais trabalho estar a ver uma a uma quais as quadrículas que foram visitadas à noite, mas creio que esta seria a forma correcta de fazer a análise).


No final do relatório pode ler-se:
A análise aqui apresentada deverá ser revista após conclusão da amostragem do terceiro atlas das aves nidificantes em Portugal, no final de 2018, pois isso permitirá uma estimativa mais exacta das tendências na área de distribuição das aves noturnas em Portuga

Se no terceiro atlas houver défice de prospecção nocturna (juntamente com muitas observações diurnas de mocho-galego), a conclusão inevitável será a de que as outras espécies estão todas a diminuir, quando a realidade é que não houve um grande esforço para as detectar.

Como eu julgo que o objectivo aqui é o de conseguir obter um panorama tão rigoroso quanto possível sobre a situação das várias espécies, deixo desde já a sugestão aos autores no sentido de reverem a forma de cálculo, nomeadamente fazendo as seguintes alterações:
- introduzir um factor de correcção que torne comparáveis os dados do 1º e do 2º atlas atendendo à mudança de grelha
- do 2º atlas em diante, calcular as percentagens de ocorrência tendo por base apenas as quadrículas onde efectivamente houve prospecção à noite


P.S. - Como é evidente, este post está aberto ao contraditório por isso se qualquer elemento directa ou indirectamente ligado ao relatório quiser usar este espaço para expor o seu ponto de vista está naturalmente à vontade para o fazer.
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Mensagem por PNicolau Ter Mar 20, 2018 5:58 am

A partir do momento em que esta análise não tem qualquer variável a contemplar o esforço de amostragem/cobertura, eu nem posso sequer olhar para os resultados.

Nem sei por onde pegar. As grelhas são distintas. A cobertura é distinta. Não há qualquer análise estatística. Enfim, é um relatório puramente descritivo da situação dos dados de nocturnas em Portugal.
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Mensagem por pedro121 Ter Mar 20, 2018 6:16 am

Ok, isto é giro, é que a comparação visual entre os mapas do AAN1 e AAN2 contradiz sistematicamente a tabela.

as comparações em tabela que poderiam ser feitas que era comparar o AAN2 com o AAN3 não é feita, nem a comparação com o AAN2 e o período inter-atlas. Mas fazem em mapas. Smile



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Mensagem por PNicolau Ter Mar 20, 2018 7:55 am

Este tipo de relatórios denigre a imagem da SPEA. Como é possível?
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Mensagem por Luis Silva Ter Mar 20, 2018 8:12 am

PNicolau escreveu:Este tipo de relatórios denigre a imagem da SPEA. Como é possível?

Possivelmente falta de (tempo de) pessoas com conhecimento para analisar os dados com atenção.

A mim mais que a imagem da SPEA, preocupa-me mais as conclusões que vão ser tiradas com base neste relatório e/ou outros semelhantes. Nomeadamente agora que se está (ou pelo menos li alguma coisa sobre isso) a preparar um novo livro vermelho das aves (com financiamento) e cujo os resultados me parecem que vão ser mais uma vez com base em dados e/ou analises pouco solidas.

Acho que falta a capacidade de reconhecer que não se sabe o que está a acontecer, quando realmente não há informação para isso

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Mensagem por Gonçalo Elias Ter Mar 20, 2018 8:16 am

Luis Silva escreveu:Acho que falta a capacidade de reconhecer que não se sabe o que está a acontecer, quando realmente não há informação para isso

Exactamente. Aliás isso acontece com diversos outros grupos de aves.
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Mensagem por João Tomás Ter Mar 20, 2018 5:06 pm

Luis Silva escreveu:A mim mais que a imagem da SPEA, preocupa-me mais as conclusões que vão ser tiradas com base neste relatório e/ou outros semelhantes. Nomeadamente agora que se está (ou pelo menos li alguma coisa sobre isso) a preparar um novo livro vermelho das aves (com financiamento) e cujo os resultados me parecem que vão ser mais uma vez com base em dados e/ou analises pouco solidas.

Isto para mim é uma consequência muito grave da pouca qualidade dos trabalhos que se vão fazendo no país. Claro que em muitas delas há pouco ou nenhum financiamento, e sabemos que o dinheiro ajuda muito na qualidade dos trabalhos, mas há outros que é mesmo por falta de um bom planeamento do projecto. Há que ter o pés bem assentes na terra antes de se concluir o que quer que seja. E a verdade é que há poucas espécies, principalmente as mais mediáticas, cujas tendências se conhecem verdadeiramente.

E sim, este relatório peca nas comparações e nas conclusões. É um relatório meramente informativo e do qual não se pode concluir o quer que seja porque não há uma metodologia comum aos três períodos de comparação, não há análise estatística como o PN disse, etc, etc. Depois há ainda uma baixa cobertura nacional... mas se acontece o que acontece com o das nidificantes, o das nocturnas terá uma pior cobertura porque é um esforço nocturno, por vezes com ausência de espécies, ou seja, com boas razões para se desistir mais facilmente. 

Havendo uma baixa cobertura nacional (a do Ath noc e Tyt alb até não foi má), a distribuição das diferentes espécies também poderá deixar muito a desejar no que respeita à real distribuição.

Depois seria ainda interessante estar escrito quantas quadrículas foram e não foram visitadas para cada uma das espécies, isto para o período inter-atlas.

A sensação com que se fica depois de se ler este relatório é de que há tanto trabalho e esforço de profissionais e voluntários, que deveria ser maior e mais financiado claro, para depois as conclusões tiradas serem de pouca qualidade.
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Mensagem por HL Qua Mar 21, 2018 8:16 am

Luis Silva escreveu:
... preocupa-me mais as conclusões que vão ser tiradas com base neste relatório e/ou outros semelhantes. Nomeadamente agora que se está (ou pelo menos li alguma coisa sobre isso) a preparar um novo livro vermelho das aves (com financiamento) e cujo os resultados me parecem que vão ser mais uma vez com base em dados e/ou analises pouco solidas.
Acho que falta a capacidade de reconhecer que não se sabe o que está a acontecer, quando realmente não há informação para isso

Subscrevo.
E não esquecer que muitas vezes estas conclusões e os estatutos/tendências populacionais publicados servem de base a opções de gestão e ordenamento, servem de base a pareceres institucionais, e outras situações do género.

Edit:
PNicolau escreveu:Enfim, é um relatório puramente descritivo da situação dos dados de nocturnas em Portugal.
Subscrevo também.

Edit 2:
Contudo é de notar, que os autores não fazem afirmações taxativas quando às tendências populacionais (e a meu ver bem), e é importante que quem leia o relatório tenha essa "incerteza" em consideração.
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Mensagem por Paulo Lemos Qui Mar 22, 2018 4:28 pm

Em 3 grandes regiões, eu até concordaria com a diminuição dessas espécies, e aliás de todas menos o Bubo bubo. E atenção que me baseio em observações confirmadas de nidificação.

Excluí o não Estrigiforme.
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Mensagem por Gonçalo Elias Sex Mar 23, 2018 4:28 am

Paulo Lemos escreveu:Excluí o não Estrigiforme.

A qual dos não estrigiformes te referes? A lista tem três não estrigiformes (um caradriforme e dois caprimulgiformes).
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Mensagem por PNicolau Sex Mar 23, 2018 10:45 am

Refere-se ao Alcaravão, presumo.
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Mensagem por Paulo Lemos Sáb Mar 24, 2018 7:35 pm

Gonçalo Elias escreveu:
Paulo Lemos escreveu:Excluí o não Estrigiforme.

A qual dos não estrigiformes te referes? A lista tem três não estrigiformes (um caradriforme e dois caprimulgiformes).

Na taxonomia de Sibley-Ahlquist esse grupo está incluído.

Já sabia desde conversas antigas com amigos, mas de qq modo postei sem me lembrar disso e das espécies no quadro deste tópico (e notei a ultima espécie só após ver o quadro pela 2ª vez).
Isto é só rigor Laughing .

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Mensagem por Paulo Lemos Sáb Mar 24, 2018 7:36 pm

Mantenho o que disse antes, excepto para o Cap ruf (para o qual no Oeste não vejo alterações).
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Mensagem por pedro121 Dom Mar 25, 2018 2:53 am

Paulo Lemos escreveu:
Na taxonomia de Sibley-Ahlquist esse grupo está incluído.

Na taxonomia que não é seguida actualmente porque se chegou à conclusão que havia erros em varias decisões?
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Mensagem por Paulo Lemos Dom Mar 25, 2018 2:08 pm

Mas eu não segui essa taxonomia, foi só um aparte.

Não é óbvio? Li o quadro (pensando eu sobre rapinas nocturnas li na diagonal os números de cada espécie pelo nome que me interessava comparar), fui depois ler outros tópicos já abertos, esqueci-me da lista, voltei ao tópico para responder, vi a lista novamente de relance e notei uma espécie algo deslocada das "rapinas nocturnas".

Era essa que exclui do comentário, o alcaravão, e esqueci-me que lá estavam os noitibós.

Quanto aos noitibós, acrescento, um parece-me de regrediu (Cap eur) e o Cap ruf nem por isso na minha zona (os mesmos sítios e numero de casais mantém-se há bem mais de 1 década).

Há uns 20 anos, havia Cap eur por toda a minha zona e regiões vizinhas, que até fazia confusão. Territórios colados, lutas, etc, ate se pisavam regularmente ninhos por acidente. Por qualquer sitio se viam e ouviam noitibós até aos limites da cidade e na mesma.
Talvez uma causa seja a perda de habitat e de recursos (especialmente Anoxia sp. e Rhizotroginae na época mais exigente, e já desde os anos 90 aponto este alimento na região como fundamental para a espécie ao crepúsculo e amanhecer, mais do que Lepidoptera). Ambos os insectos voam se reproduzem em massa (Anoxia na Primavera avançada e Rhizotroginae desde um pouco mais cedo até Outubro, com pico antes da migração).
No Oeste, os Rhizotroginae adultos alimentam-se sobretudo de agulhas de pinheiros durante a noite, e voltam a esconder-se ao amanhecer. Os Anoxia não comem, apenas voam até ao topo de arbustos e árvores para acasalar, surgindo diária e "massivamente" ao crepúsculo e voltando ao solo ao amanhecer.
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Mensagem por Gonçalo Elias Dom Mar 25, 2018 2:52 pm

Paulo Lemos escreveu:Há uns 20 anos, havia Cap eur por toda a minha zona e regiões vizinhas, que até fazia confusão. Territórios colados, lutas, etc, ate se pisavam regularmente ninhos por acidente. Por qualquer sitio se viam e ouviam noitibós até aos limites da cidade e na mesma.

Já escrevi isto anteriormente noutros tópicos: aquilo que tu observas na tua região não pode ser extrapolado para o resto do país. Há 20 anos já eu andava a fazer chamados às nocturnas de norte a sul do país e devo dizer que nunca achei o Cap. europaeus uma espécie abundante. De qualquer forma, com base na minha experiência individual (e na minha percepção subjectiva) não encontro no caso desta espécie quaisquer evidências de regressão ou de expansão.

Mas lá está: sem censos padronizados, não é possível retirar grandes conclusões...
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Mensagem por Paulo Lemos Dom Mar 25, 2018 4:26 pm

Pois...
Também já digo, há muitos anos, que estas duas espécies migradoras insectívoras são as únicas (insectivoras) que não sofrem "regressão" importante em relação a habitat disponível (que ficasse desocupado) ou que seja comparável a outras aves migradoras insectívoras na região. Ou isto se relaciona com a época de migração, ou com perigos encontrados durante o dia no percurso (ser uma ave nocturna ao contrario de outras), ainda abonada por recursos alimentares pelo menos na época de cria e antes da migração (preparativos).
Acho isto de extrema importância.

O mesmo para algumas zonas do Centro interior do país, do Nordeste e do Litoral norte onde "através da janela do carro" ouvia esta espécie ao longo de viagens nocturnas, sempre coincidindo a maior dispersão com a menor ocorrência destes coleópteros no habitat.

Não deves conhecer muitos que tenham tantas horas nocturnas, regularmente, ao longo de anos, e que saiba reconhecer as espécies há décadas, de aves e não só...
Portanto faz o que quiseres disto.

Os Anoxia e os Rhizotroginae regrediram em abundância e sofrem com perda de habitat, mas como insectos cujas populações são naturalmente numerosas, e que se reproduzem em massa em nicho de captura previsível, sem defesas contra o noitibó, podem considerar-se ainda relativamente abundantes e de disponibilidade regular, como recurso disponível. Ao contrario de tantos outros insectos.
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Mensagem por Paulo Lemos Dom Mar 25, 2018 4:36 pm

Não costumo ver noitibós jovens desnutridos, ou predados devido a alterações ecológicas e falta de disponibilidade aos progenitores para defenderem o ninho, ao contrario de outras espécies (que localmente já desaparecerem e outras vão pelo mesmo caminho). O maior exemplo o papa-figos e o L.senator no Concelho das Caldas, que vi passarem a ausentar-se períodos surreais do local do ninho para trazerem insectos (os corvideos aproveitaram, vi eu isto dezenas de vezes e a crescente raridade de jovens aves a colonizar posteriormente território).
Estas populações desapareceram quando os mais velhos bichos morreram de idade Cerca de 5-12 anos depois de deixar definitivamente de ver jovens.
Aliás acabei por conhecer cada individuo pelo seu canto e outras características.

A seca em Africa pode ter contribuído, e outras ameaças a Sul da Europa, mas não sozinhas...

O L. senator é relativamente resistente à seca e calor (não sei se tanto como os Cap.), e talvez menos a falta de alimento... mas...
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Mensagem por Gonçalo Elias Dom Mar 25, 2018 5:30 pm

Paulo Lemos escreveu:Não deves conhecer muitos que tenham tantas horas nocturnas, regularmente, ao longo de anos, e que saiba reconhecer as espécies há décadas, de aves e não só...
Portanto faz o que quiseres disto.

Paulo, eu não estou a duvidar que tenhas centenas ou milhares de horas de prospecção nocturna. Isso nem sequer está em questão.

A questão para mim foi, e continua a ser, que para podermos extrair tendências precisamos de usar algum tipo de método sistemático que permita fazer comparações.

De tudo o que já tens escrito neste espaço, eu fico sempre com a sensação de que:
1. Não fazes notas de forma sistemática (embora possas fazer algumas novas avulsas)
2. Não tens um método padronizado para registar a evolução das situações
3. Confias muito na tua memória para fazer comparações com o passado

Infelizmente a memória humana é muito selectiva (regista certos acontecimentos de forma mais vincada que outros) e isso provoca grandes enviesamentos na nossa percepção. Ou, usando uma expressão mais popular, "a memória prega-nos partidas". A nossa percepção é moldada com base nas observações que ficaram mais bem gravadas na nossa memória, ao passo que outras são pura e simplesmente ignoradas. A ideia de fazer os registos, as visitas, sempre com a mesma metodologia, e de registar por escrito aquilo que observamos tem em vista exactamente combater as imperfeições da nossa memória, de modo a podermos avaliar as situações de forma mais objectiva e com menos enviesamentos.

Tenho a sensação (e por favor corrige-me se estiver enganado) que tu achas que isto de estar a registar as coisas com um método padronizado é uma grande treta e que não vale a pena, porque confias inteiramente na tua memória e por isso não vale a pena estar a fazer registos.
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Mensagem por Paulo Lemos Seg Abr 02, 2018 11:45 pm

Presa de bufo-real (adulta), ontem, conc. de Óbidos.

1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em Portugal 311
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