Conhecem o pato-coelheiro? :-)

Aves perigosas invernam no País
por rute araújo
08 Setembro 2005

Treze das 15 espécies com maior risco de poderem estar infectadas com o vírus da gripe da aves invernam em Portugal. A lista foi divulgada ontem pela Comissão Europeia e tem como objectivo fornecer aos Estados membros um guia dos patos, gansos e gaivotas que devem ser alvo de uma vigilância apertada até Janeiro do próximo ano.

Entre a dezena e meia de espécies de aves migratórias consideradas pela Europa como de alto risco - porque provêm do Leste -, quase todas têm Portugal como rota. Pato-real, frisada, arrabio, pato-coelheiro, piadeira, marrequinha, zarro e negrinha são algumas das populações identificadas e que cruzam habitualmente a Península Ibérica na sua viagem para sul. A lista foi elaborada por um grupo de trabalho do Comité Permanente da Cadeia Alimentar e Saúde Animal e complementa as medidas que estão a ser adoptadas para prevenir a eventualidade de uma epidemia de gripe das aves. A Europa recomenda que, para estas espécies, seja feita uma monitorização activa, quer em animais vivos, quer em exemplares capturados pelos caçadores.

Mário Silva, director de serviços da Conservação da Natureza, do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) confirmou ao DN que estas 13 espécies têm representatividade no País e que serão alvo de análise. Contudo, sublinha o carácter provisório desta lista e diz que as análises que serão feitas à presença do vírus da gripe das aves podem até estender-se a outras, como as aves limícolas - que incluem, entre outros, os pilritos.

Contudo, como explicou o sub-director geral de Veterinária Fernando Bernardo, nada garante que as 520 amostras que serão recolhidas no País integram todas estas espécies. "A captura não é selectiva. Podem ser capturadas aves de determinada espécie de não serem de outras." Mário Silva diz, no entanto, que não é necessário um estudo exaustivo em cada espécie. "Se tivermos um bom lote, já conseguimos uma amostra com significado e representatividade."

O material para teste à presença de gripe das aves será feito pelo ICN, nas zonas de maior risco, através de dois processos. O instituto vai aproveitar a rede de vigilantes da natureza (técnicos e investigadores) que já segue determinadas populações através da anilagem (colocação de uma anila metálica na ave que permite segui-la). E vai ainda usar os centros de recuperação da avifauna, para onde são canalizadas aves que feridas ou debilitadas. As amostras serão depois testadas por um laboratório no Reino Unido.

Recorde-se que, apesar de as autoridades sublinharem a necessidade de acompanhar as aves migratórias, é remoto o risco de o vírus H5N1 chegar a Portugal por esta via.