Pato de Bico Vermelho. Fatelas?! Registar ou não?

Olá.
Este casal de patos de bico vermelho andava na praia de Bitetos no concelho do Marco de Canaveses. Há já uns anos que andam por aqui patos reais que se aproximam das pessoas a ver se lhes dão alguma coisa, mas estes bico vermelho não os tinha visto antes.
Patos de "origem" selvagem não se aproximam tanto das pessoas pois não? Acontece patos bravos aprenderem de patos "domésticos" que podem confiar nas pessoas?
Para efeitos de ebird o que é que se deve fazer? Não colocar nada, colocar e dizer que provavelmente são patos de origem doméstica nos comentários...? Não existe a opção (forma doméstica) para esta espécie..

No eBird coloca dois Netta rufina normais. Se forem domésticos, andarão lá por muito tempo e eventualmente o revisor poderá invalidar os registos como introduzida/exótica. Mas não têm de ser.

luis correia escreveu:Olá.
Patos de "origem" selvagem não se aproximam tanto das pessoas pois não?

Aproximam, os patos são normalmente altamente confiáveis, eles aprendem a ser desconfiados, e aprendem a ser desconfiados devido à caça, mas o contrario também é fácil de acontecer, eles podem facilmente associar as pessoas à comida e ficam confiantes.

luis correia escreveu:Acontece patos bravos aprenderem de patos "domésticos" que podem confiar nas pessoas?

Sim, eles aprendem uns com os outros


E dito isto, é possível que sejam fugas.

Na minha opinião devemos registar tudo, pois permitirá no futuro avaliar a evolução de determinadas populações, como espécies exóticas ou aves ferais. Por exemplo, em Fão (Esponsede, Braga) há uma longa tradição de introdução de aves e, há inúmeros patos cruzados com patos domésticos. Quando atravessava a ponte de Fão em miúdo (fins dos 70 e 80) lembro-me de ver grandes bandos de patos/gansos domésticos na área e, provavelmente os efeitos dessas populações iniciais, perduram em algumas aves de hoje. Se registarmos hoje estamos a monitorizar o presente, permitindo de certa forma compreender o futuro. Como trabalho com dados e, sobretudo de exóticas tenho que defender este ponto de vista.

Luis Reino escreveu:Na minha opinião devemos registar tudo, pois permitirá no futuro avaliar a evolução de determinadas populações, como espécies exóticas ou aves ferais. Por exemplo, em Fão (Esponsede, Braga) há uma longa tradição de introdução de aves e, há inúmeros patos cruzados com patos domésticos. Quando atravessava a ponte de Fão em miúdo (fins dos 70 e 80) lembro-me de ver grandes bandos de patos/gansos domésticos na área e, provavelmente os efeitos dessas populações iniciais, perduram em algumas aves de hoje. Se registarmos hoje estamos a monitorizar o presente, permitindo de certa forma compreender o futuro. Como trabalho com dados e, sobretudo de exóticas tenho que defender este ponto de vista.

Por acaso estive em Fão no dia 30 de Dezembro. Até um ganso do Canadá lá andava. És da opinião que até essas deviam ser registadas? Porque nunca se sabe qual vai ser o "próximo ganso do Egipto"?!

Ganso-do-candá? Regista.

PNicolau escreveu:Ganso-do-candá? Regista.

Mmmm, fui rever a foto que fiz e comparar com ganso do canadá. Parece que não é, mas é parecido.
O que é?

É um Branta leucopsis que anda lá desde a primavera e está sempre nessa zona em Fão. Aparentemente foi inicialmente registado na P. do Varzim.

Luis Reino escreveu:É um Branta leucopsis que anda lá desde a primavera e está sempre nessa zona em Fão. Aparentemente foi inicialmente registado na P. do Varzim.

É isso, obrigado.
Pois, uns observadores que devem conhecer bem a zona disseram-me que era "residente".

Sim é residente no sentido em que está sempre ali naquela zona ribeirinha de Fão..E acontece o mesmo com o Anser cygnoides um residente mais antigo e que é um bom companheiro/a do leucopsis.

VI uma vez um leucopsis nesse mesmo local (junto à ponte) em Dezembro de 2004. Certamente seria outro indivíduo, mas esse local tem um longo historial de observações de anatídeos de proveniência mais que duvidosa.

Sim, a melhor que tenho no local é um macho de Aix sponsa a comer milho já na área pedonal em Fão. Tenho foto e a seu tempo, chegará ao ebird se for possível inserir...

Luis Reino escreveu:Sim, a melhor que tenho no local é um macho de Aix sponsa a comer milho já na área pedonal em Fão. Tenho foto e a seu tempo, chegará ao ebird se for possível inserir...

É possível inserir... Aliás Aix sponsa é categoria A em Portugal.

Sim, mas era um 'escapee' muito fatela. Também já lá vi Lophodytes cucullatus o que não sei se é muito comum em cativeiro (já não me recordo se vi em Paris em 1990 - a memória já me falha para alguns registos mais antigos).

PNicolau escreveu:É possível inserir... Aliás Aix sponsa é categoria A em Portugal.

...insular

Luis Reino escreveu:Sim, mas era um 'escapee' muito fatela. Também já lá vi Lophodytes cucullatus o que não sei se é muito comum em cativeiro (já não me recordo se vi em Paris em 1990 - a memória já me falha para alguns registos mais antigos).

Ui Lophodytes.... Podia ser fatela, mas podia também não ser. Aves que são muito fatelas eu não submeto.

Mas às vezes não maneira de saber...Tenho fotos, mas não as tenho actualmente no meu computador. Tenho que falar com o Jorge Araújo.

Gonçalo Elias escreveu:Certamente seria outro indivíduo, mas esse local tem um longo historial de observações de anatídeos de proveniência mais que duvidosa.

Neste caso não há duvidas sobre a origem da ave.

Qual caso?

Luis Reino escreveu:Qual caso?

O Branta leucopsis, que até as penas tinha cortadas.

Luis Reino escreveu:Mas às vezes não maneira de saber...Tenho fotos, mas não as tenho actualmente no meu computador. Tenho que falar com o Jorge Araújo.

Sim mas um pato-carolino que vem comer à mão?
Eu não introduzo não que me pareça de cativeiro e que esteja em locais de montes de bichos foleiros. Claro que não é sempre linear, e na dúvida é melhor submeter.
Um Aix sponsa que venha comer à mão... Pois não sei. Mas no limite convém averiguar o estado das penas de voo e a presença de anilhas.

Eu tive recentemente um caso de um Tadorna tadorna que estava num meio de uma colecção de patos-reais fatelões no meio de uma zona urbanizada. Não introduzi... Mas não sei se devia. Se a ave continuar por lá, ignoro. Se desaparecer, se calhar introduzirei. A alternativa será tentar descobrir os donos daquela colecção.

OK, sim é muito manso...para além do mais.

Mas o problema é que pode-se introduzir pombos-fatelas normalmente, não vejo razão para não colocar patos-fatelas. É um grupo em que há muitas aves de coleção que depois fogem e, acabam por nalguns casos estabelecer populações. Com os Alopochen foi assim que começou e agora caminhamos para uma população, ainda fragmentada, mas que provavelmente vai acabar por estabelecer-se. Se os dados fossem inseridos no ebird, seria no futuro mais fácil perceber o que se passou. O meu ponto é este.

Os dados de Alopochen estão todos no eBird. Mas essa é uma espécie com elevado potencial de invasão com populações estabelecidas na Europa, e que passará agora a integrar a categoria C dado ter já sido declarada como invasora em Espanha com número já bem elevados.
Agora indivíduos isolados de espécies não colonizadoras, em particular provenientes de colectâneas ou presentes nos mesmos parques há anos?

Não tenho problemas em reportar aves que aparecem aqui ou ali. Tenho é problemas em que vão todos ao Jardim da Estrela reportar a pataria toda da colecção. E afins.

PNicolau escreveu:Tenho é problemas em que vão todos ao Jardim da Estrela reportar a pataria toda da colecção. E afins.

Há muita gente que gostaria de ganhar uma pelágica