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Censos de grous

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Mensagem por Gonçalo Elias Qua Out 21, 2020 12:47 pm

http://www.grusextremadura.org/
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Mensagem por Gonçalo Elias Qui Out 29, 2020 6:50 am

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Mensagem por JP Gonçalves Qui Out 29, 2020 9:36 am

Gonçalo, no site dos censos fazem referência à perda de habitat (à semelhança dos Cortiçóis, Sisões, Abetarda e Alaudídeos) numa das principais zonas de invernada, a Extremadura espanhola. Em Portugal podemos fazer o mesmo raciocínio, verificando-se também perda de habitat nas principais áreas de invernada.
Então como se pode explicar um aumento do número de Grous na P. Ibérica ao contrário do que se verifica com as outras espécies enumeradas. Consigo perceber que as aves enumeradas, sendo nidificantes em Pt, a perda de habitat constitui obviamente uma ameaça para a espécie. Mas com os grous não consigo perceber bem este aumento.

Sendo assim, com esta diminuição de habitat no Alentejo verificam-se/verificar-se-ão grupos maiores em áreas mais pequenas de habitat ou começarão e invernar mais em locais onde hoje não são regulares?

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Mensagem por Gonçalo Elias Qui Out 29, 2020 10:01 am

Oi João,

A questão que levantas é pertinente. Não tenho uma resposta exacta mas vou opinar:

JP Gonçalves escreveu:Em Portugal podemos fazer o mesmo raciocínio, verificando-se também perda de habitat nas principais áreas de invernada.
Então como se pode explicar um aumento do número de Grous na P. Ibérica ao contrário do que se verifica com as outras espécies enumeradas. Consigo perceber que as aves enumeradas, sendo nidificantes em Pt, a perda de habitat constitui obviamente uma ameaça para a espécie. Mas com os grous não consigo perceber bem este aumento.

Eu acho que há dois factores relevantes por trás deste aumento:

1. O aumento das populações nidificantes no norte da Europa (gráfico do post anterior), o que faz com que haja mais bichos a chegar para invernar
2. Uma capacidade de adaptação da espécie para fazer face às alterações de habitat (este aspecto é essencial, mas não se aplica de igual modo a todas as espécies, já que a capacidade de adaptação varia muito de umas espécies para outras).

JP Gonçalves escreveu:Sendo assim, com esta diminuição de habitat no Alentejo verificam-se/verificar-se-ão grupos maiores em áreas mais pequenas de habitat ou começarão e invernar mais em locais onde hoje não são regulares?

Há 30 anos havia cerca de 2000 grous a invernar em Portugal, distribuídos por quatro núcleos principais:
- Moura / Mourão - cerca de metade do efectivo invernante
- Campo Maior
- Castro Verde / Mértola
- Évora (este era o mais pequeno)

Quando fiz os trabalhos de campo do Atlas das Aves Invernantes do Baixo Alentejo (1992 a 1995) a espécie ainda não ocorria na zona de Beja nem na barragem do Roxo. Depois de 2000, aproximadamente, começaram a ser regulares nessa zona.

A minha interpretação é que com o aumento do número de invernantes, a espécie começou a ocupar zonas "sub-óptimas", isto é, locais que não são a primeira escolha mas que acabam por ser seleccionados também uma vez que os locais melhores já estão ocupados (ou foram modificados, ou as duas coisas).

Isto (aumento populacional na origem + alargamento da área de invernada) aconteceu com outras espécies, por exemplo o Milvus milvus que há 25-30 anos só invernava na margem esquerda do Guadiana e hoje ocorre na maior parte do Alentejo.

Deixo aqui um gráfico com a evolução do efectivo invernante de grou em Portugal, tirado do site espanhol - não sei como se distribui actualmente esta população pelos vários núcleos, mas também não fui procurar informação.

Censos de grous Grus_p11
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Mensagem por JP Gonçalves Qui Out 29, 2020 10:59 am

Muito obrigado Gonçalo. A tua resposta vai de encontro com aquilo que pensava.

Estive a ver e parece que nos últimos anos, para além das áreas de dormida conhecidas e regulares - Arronches/Campo Maior, Évora, Moura, Mourão e Castro Verde - há mais algumas zonas de dormida a "surgirem" com bons números, como o caso da Albufeira do Roxo, Alb. de Odivelas e Juromenha/Olivença.
Em relação a este último posso dizer que nos últimos anos tenho visto várias centenas de aves em voo na zona do Alandroal. O meu pai pertence ao concelho e não se lembra de ver números tão grandes, mesmo quando era caçador e andava por todo o concelho (embora a espécie tenha sido sempre regular no concelho).

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Mensagem por Gonçalo Elias Qui Out 29, 2020 11:37 am

A zona da Albufeira do Roxo é frequentada desde há pelo menos 15 anos e em minha opinião é uma extensão para norte (alargamento) do núcleo de Vale de Açor (Mértola) que não é assim tão distante - 20 km em linha recta.

O de Odivelas deve ser novo.

Quanto ao de Juromenha, teria de estudar melhor a situação mas das duas uma: ou é novo, ou é um alargamento de algum núcleo espanhol (não sabia que eles eram regulares no passado nessa zona).
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Mensagem por HL Qui Out 29, 2020 11:56 am

@Gonçalo: sabes qual é o núcleo de Castro Verde? Há alguns bichos a pernoitarem na ZPE, mas pontualmente.

A zona do Roxo vai sem interessante acompanhar, uma parte da zona onde as aves se juntavam foi convertida em olival super-intensivo e pomar. Algumas das zonas de alimentação próximas foram convertidas em regadio, mas não creio que esta alteração seja negativa para a espécie.

Quanto ao crescimento da população população invernante na Ibéria há outros factores para além do crescimento da pop. a nível Europeu:
- aumento do número de locais prospectados;
- maior experiência do pessoal que conduz os censos relativamente às áreas usadas pelas espécie;
- alteração na área de distribuição para norte da península para áreas de mais fácil acesso;
- parece que uma parte das aves que usavam o corredor Leste passaram a usar o corredor Oeste (passando a invernar na PI).

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Mensagem por Gonçalo Elias Qui Out 29, 2020 12:08 pm

HL escreveu:@Gonçalo: sabes qual é o núcleo de Castro Verde? Há alguns bichos a pernoitarem na ZPE, mas pontualmente.

Bem eu acima referi Castro Verde / Mértola porque eu considero isso um único núcleo, que basicamente abrange a zona entre Aracelis e Vale de Açor, com observações pontuais mais a oeste tipo Fontes Bárbaras.

HL escreveu:
Quanto ao crescimento da população população invernante na Ibéria há outros factores para além do crescimento da pop. a nível Europeu:
- aumento do número de locais prospectados;
- maior experiência do pessoal que conduz os censos relativamente às áreas usadas pelas espécie;
- alteração na área de distribuição para norte da península para áreas de mais fácil acesso;
- parece que uma parte das aves que usavam o corredor Leste passaram a usar o corredor Oeste (passando a invernar na PI).

De acordo, mas nota que o aumento percentual tanto em Portugal como em Espanha (400-500%) é mais ou menos igual, em dimensão, ao aumento das populações nidificantes, por isso eu diria que o aumento populacional na origem é a causa principal deste aumento. Por outras palavras, se a população nidificante não tivesse aumentado o número de invernantes também não iria aumentar significativamente, por muita prospecção que fosse feita.

Acresce que mesmo em Portugal houve zonas que foram ocupadas depois do ano 2000. Dou como exemplo a zona do Roxo onde me "fartei" de fazer trabalho de atlas de invernantes na primeira metade da década de 1990 e pura e simplesmente não havia grous. Houve realmente uma expansão para novas áreas.
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Mensagem por HL Qui Out 29, 2020 1:45 pm

Gonçalo Elias escreveu:
Bem eu acima referi Castro Verde / Mértola porque eu considero isso um único núcleo, que basicamente abrange a zona entre Aracelis e Vale de Açor, com observações pontuais mais a oeste tipo Fontes Bárbaras.

Pois, eu achava que o núcleo de Castro Verde seria o tal das Fontes Bárbaras.

Gonçalo Elias escreveu:
De acordo, mas nota que o aumento percentual tanto em Portugal como em Espanha (400-500%) é mais ou menos igual, em dimensão, ao aumento das populações nidificantes, por isso eu diria que o aumento populacional na origem é a causa principal deste aumento. Por outras palavras, se a população nidificante não tivesse aumentado o número de invernantes também não iria aumentar significativamente, por muita prospecção que fosse feita.

Acresce que mesmo em Portugal houve zonas que foram ocupadas depois do ano 2000. Dou como exemplo a zona do Roxo onde me "fartei" de fazer trabalho de atlas de invernantes na primeira metade da década de 1990 e pura e simplesmente não havia grous. Houve realmente uma expansão para novas áreas.
Claro, mas se não prospectares também não consegues comprovar o aumento. Os factores que referi atrás foram discutidos numa comunicação, a referência é esta:

Alonso, J.C., Alonso, J.A., Onrubia, A., Cruz, C.M., Rocha, P., 2016. Assessing four decades of wintering crane counts in Spain, Portugal and Morocco. Presented at the VIII European Crane Conference 2014, Asociación Amigos de Gallocanta, Gallocanta, Spain, pp. 28–37.
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Mensagem por Gonçalo Elias Qui Out 29, 2020 2:00 pm

HL escreveu:Pois, eu achava que o núcleo de Castro Verde seria o tal das Fontes Bárbaras.

Olhando para o mapa eu tenho dificuldade em separar essa zona do resto do núcleo do Vale de Açor. A mancha é praticamente contínua (mapa abaixo).

HL escreveu:Claro, mas se não prospectares também não consegues comprovar o aumento. Os factores que referi atrás foram discutidos numa comunicação, a referência é esta:

Alonso, J.C., Alonso, J.A., Onrubia, A., Cruz, C.M., Rocha, P., 2016. Assessing four decades of wintering crane counts in Spain, Portugal and Morocco. Presented at the VIII European Crane Conference 2014, Asociación Amigos de Gallocanta, Gallocanta, Spain, pp. 28–37.

Ok, admito que haja pessoas mais qualificadas que eu para avaliar o impacto desses factores.
Só achei muita coincidência o aumento percentual em PT e Espanha ser mais ou menos igual ao registado nas zonas de nidificação Smile

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Mensagem por HL Sex Out 30, 2020 3:15 am

A tua divisão geográfica dos núcleos parece-me acertada. A minha pergunta sobre o núcleo de Castro Verde é apenas porque me parece que a designação (Castro Verde ou Castro Verde/Mértola) é um pouco enganadora, pelo menos em termos de dormitório.
Os grous observados na parte NW da ZPE de Castro Verde geralmente a meio/final da tarde arrancam em direcção ao Roxo. Se lá chegam ou ficam algures pelo caminho não é claro. O mais provável é que uma parte se desloque para o Roxo, e outra vá ficando em alguma/s charca/s pelo caminho (o que deve depender também do nível de água nesses locais). Os grous observados na zona NE da ZPE geralmente seguem para Vale do Açor. Contudo, por vezes não há entrada de grous para dormir neste local, e os números engrossam no Roxo. Presume-se que sejam os mesmos.
Para além destes, o Roxo recebe ainda aves (diria a grande parte) vindas do concelho de Aljustrel e do concelho de Beja.
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Mensagem por Gonçalo Elias Sex Out 30, 2020 4:49 am

ok eu não tive em conta os locais dos dormitórios, apenas olhei para as observações existentes e agrupei-as por clusters. Como há ali uma certa continuidade de registos considerei tudo junto, mas é verdade que os pinos não nos dizem nada sobre a abundância ou a frequência.
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Mensagem por HL Sex Out 30, 2020 8:50 am

Gonçalo Elias escreveu:ok eu não tive em conta os locais dos dormitórios, apenas olhei para as observações existentes e agrupei-as por clusters. Como há ali uma certa continuidade de registos considerei tudo junto, mas é verdade que os pinos não nos dizem nada sobre a abundância ou a frequência.

Faz sentido fazer assim. Até pq que não há forma fiável e prática de saber a origem das aves de cada dormitório. É bem provável até que existam alguma dinâmica entre dormitórios, relacionada com exploração dos recursos alimentares disponíveis e perturbação perto da hora de chegada aos dormitórios.
A minha querela era apenas com a designação do núcleo.
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