Milhares de grous no Alentejo vão estar quatro meses na mira de dezenas de ornitólogos
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Milhares de grous no Alentejo vão estar quatro meses na mira de dezenas de ornitólogos
Milhares de grous no Alentejo vão estar quatro meses na mira de dezenas de ornitólogos
04.11.2010
Helena Geraldes - publico.pt
É durante o mês de Novembro que os grous chegam às planícies alentejanas para passar o Inverno. À semelhança do que acontece há 20 anos, equipas de ornitólogos preparam-se para sair para o campo e fazer o censo destas aves. A “expedição” começa este domingo e termina em finais de Fevereiro.
Todos os Invernos, cerca de seis mil grous (Grus grus) partem do Norte e Leste europeu para o Sul de Portugal. Reúnem-se em bandos que podem ir das 200 às mil aves.
São animais de hábitos e por isso escolhem quase sempre os mesmos locais de dormida e alimentação, espalhados por Campo Maior, Évora, Moura/Mourão/Barrancos e Castro Verde.
Num fim-de-semana por mês, equipas de ornitólogos e de voluntários sairão para o campo. Rogério Cangarato, do Centro de Estudos da Avifauna Ibérica (CEAI), faz sempre parte do grupo.
“Não é preciso ter muita experiência para fazer a contagem dos grous. É algo relativamente simples de fazer”, contou o responsável ao PÚBLICO. “Quem estiver interessado, pode-se inscrever nos grupos de observação. Em cada um estará, pelo menos, um membro do CEAI para orientar os trabalhos”, acrescentou.
No ano passado, Rogério Cangarato esteve em cinco dos oito pontos de observação, escolhidos de forma a interceptar as aves na sua rota dos locais onde se alimentam aos locais onde vão dormir. Que saiba, cerca de 30 pessoas ajudaram a contar as aves. “São pessoas que vão desde os simples curiosos, que aproveitam para passear no campo mas que estão sensível a estas coisas, às pessoas com formação em biologia e até aos locais que convivem com os grous desde sempre mas nunca se aperceberam” do ritmo de vida destas aves. “Há de tudo”.
O grou é uma ave que “cria empatia” e que é “relativamente fácil de ver – por causa da dimensão, dos sons, da plumagem – quando se está nos sítios certos”, garante.
Além de os participantes ajudarem a melhorar o conhecimento científico sobre a espécie, podem passar um bom dia no campo. “Esta actividade é uma excelente oportunidade para passarmos informação através desta espécie, característica de determinados habitats”.
De momento, o CEAI está a preparar o tratamento dos dados dos últimos 12 anos. Mas desde já se pode dizer que se tem “verificado um ligeiro aumento do número de grous que fazem a invernada no Sul de Portugal”, afirma Rogério Cangarato.
Ainda assim, existem episódios de ameaça à estabilidade da espécie, como os “espantamentos propositados nos locais mais sensíveis, nas zonas de dormida diária”. Os grous não têm concentrações muito elevadas e ocorrem de forma dispersa. Ainda assim, podem causar algum prejuízo na altura das sementeiras. “Acho que faz falta alguém responsável dar uma resposta aos proprietários quando são afectados”, referiu.
A segunda fase deste trabalho de contagem dos grous será adoptar medidas de conservação para proteger as aves e os habitats, através de acordos ou compromissos, adiantou. Mas este é um projecto “a curto ou médio prazo”. “Assegurar as condições ecológicas do montado e zonas agrícolas para uma boa invernada é tão importante como o resto do ciclo de vida da ave”, lembrou.
Esta é uma espécie com estatuto de Vulnerável no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, publicado em 2005. A principal razão é a sua distribuição muito localizada no Alentejo interior.
04.11.2010
Helena Geraldes - publico.pt
É durante o mês de Novembro que os grous chegam às planícies alentejanas para passar o Inverno. À semelhança do que acontece há 20 anos, equipas de ornitólogos preparam-se para sair para o campo e fazer o censo destas aves. A “expedição” começa este domingo e termina em finais de Fevereiro.
Todos os Invernos, cerca de seis mil grous (Grus grus) partem do Norte e Leste europeu para o Sul de Portugal. Reúnem-se em bandos que podem ir das 200 às mil aves.
São animais de hábitos e por isso escolhem quase sempre os mesmos locais de dormida e alimentação, espalhados por Campo Maior, Évora, Moura/Mourão/Barrancos e Castro Verde.
Num fim-de-semana por mês, equipas de ornitólogos e de voluntários sairão para o campo. Rogério Cangarato, do Centro de Estudos da Avifauna Ibérica (CEAI), faz sempre parte do grupo.
“Não é preciso ter muita experiência para fazer a contagem dos grous. É algo relativamente simples de fazer”, contou o responsável ao PÚBLICO. “Quem estiver interessado, pode-se inscrever nos grupos de observação. Em cada um estará, pelo menos, um membro do CEAI para orientar os trabalhos”, acrescentou.
No ano passado, Rogério Cangarato esteve em cinco dos oito pontos de observação, escolhidos de forma a interceptar as aves na sua rota dos locais onde se alimentam aos locais onde vão dormir. Que saiba, cerca de 30 pessoas ajudaram a contar as aves. “São pessoas que vão desde os simples curiosos, que aproveitam para passear no campo mas que estão sensível a estas coisas, às pessoas com formação em biologia e até aos locais que convivem com os grous desde sempre mas nunca se aperceberam” do ritmo de vida destas aves. “Há de tudo”.
O grou é uma ave que “cria empatia” e que é “relativamente fácil de ver – por causa da dimensão, dos sons, da plumagem – quando se está nos sítios certos”, garante.
Além de os participantes ajudarem a melhorar o conhecimento científico sobre a espécie, podem passar um bom dia no campo. “Esta actividade é uma excelente oportunidade para passarmos informação através desta espécie, característica de determinados habitats”.
De momento, o CEAI está a preparar o tratamento dos dados dos últimos 12 anos. Mas desde já se pode dizer que se tem “verificado um ligeiro aumento do número de grous que fazem a invernada no Sul de Portugal”, afirma Rogério Cangarato.
Ainda assim, existem episódios de ameaça à estabilidade da espécie, como os “espantamentos propositados nos locais mais sensíveis, nas zonas de dormida diária”. Os grous não têm concentrações muito elevadas e ocorrem de forma dispersa. Ainda assim, podem causar algum prejuízo na altura das sementeiras. “Acho que faz falta alguém responsável dar uma resposta aos proprietários quando são afectados”, referiu.
A segunda fase deste trabalho de contagem dos grous será adoptar medidas de conservação para proteger as aves e os habitats, através de acordos ou compromissos, adiantou. Mas este é um projecto “a curto ou médio prazo”. “Assegurar as condições ecológicas do montado e zonas agrícolas para uma boa invernada é tão importante como o resto do ciclo de vida da ave”, lembrou.
Esta é uma espécie com estatuto de Vulnerável no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, publicado em 2005. A principal razão é a sua distribuição muito localizada no Alentejo interior.
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