LOCAL: Paul do Boquilobo

Para alguém que ainda não conhece bem o local do nosso ponto de vista, o que aconselham em termos de material fotográfico e de observação? Quanto se paga para utilizar o dito local de observação? Existe algum guia, alguem no local com quem possamos falar etc? A zona é segura o suficiente para se levar máquina fotografica? Pergunto isto, pois há cerca de uma semana apanhei um susto valente (leváva a minha DSLR e a minha 150-500), de modos que gato escaldado de água fria tem medo...Muito mesmo...
Ando a pensar arranjar novos spots na zona de Santarém para procurar e observar bicharada. Ando a ver se vou ao Açude da Agolada, mas não tenho tido tempo...

Telmo Ribeiro escreveu:Para alguém que ainda não conhece bem o local do nosso ponto de vista, o que aconselham em termos de material fotográfico e de observação? Quanto se paga para utilizar o dito local de observação? Existe algum guia, alguem no local com quem possamos falar etc? A zona é segura o suficiente para se levar máquina fotografica? Pergunto isto, pois há cerca de uma semana apanhei um susto valente (leváva a minha DSLR e a minha 150-500), de modos que gato escaldado de água fria tem medo...Muito mesmo...
Ando a pensar arranjar novos spots na zona de Santarém para procurar e observar bicharada. Ando a ver se vou ao Açude da Agolada, mas não tenho tido tempo...

Não pagas nada para visitar o Paul do Boquilobo.
Leva uns binóculos e se possível um telescópio. Para fotografia pode ser um pouco decepcionante, principalmente se não estás disposto a ficar quietinho num local. As aves muitas vezes encontram-se longe.
Tenta ir de manhã cedo se fores para o abrigo de observação, à tarde tens o sol de frente.

Não tenho sentido insegurança no Paul.

O açude da Agolada está fechado, creio. Pode-se tentar pedir autorização na Herdade da Agolada de Baixo (o açude é privado) - creio que não negarão o acesso a quem o pedir.

Boas observações,
Pedro

Pedro isso quer dizer que se trata de uma área protegida totalmente privada?

É uma boa pergunta.

Eu andei a fazer Atlas de Invernantes por essa zona, e deparei-me com os donos da Herdade. Tinha estado no açude da parte da manhã, o portão estava fechado e após algum dilema resolvi-me a entrar, afinal se o ICNb é um dos parceiros do Atlas, se houvesse algum problema seria mais fácil justificar a intrusão. Da parte da tarde, estava eu na Herdade propriamente dita (que tem uma estrada de acesso pública(?)) de roda do Atlas, quando encontro os proprietários da mesma. Falámos um pouco, descobri que estava de novo em terrenos privados sem autorização e após pedir desculpa pela intromissão involuntária falámos um pouco sobre o açude e as aves locais - e foi aí que me disseram que o açude fechava de Inverno, que pertencia à família, que durante o Verão era uma loucura de gente (falaram-me nums poucos milhares por dia...). Foram muito simpáticos e acessíveis, estavam era um pouco fartos de gente a trespassar o locao (disseram-me inclusivamente que agora com a moda dos balões de ar quente, era frequente terem grupos a pairar em cima da casa a 10m de altura do solo!).

Portanto, a quel lá se deslocar, tentem primeiro contactar os proprietários na Herdade da Agolada de Baixo (estrada entre Coruche e Fajarda).

PS E mais não sei, se é totalmente privada ou não, pela conversa penso que sim.

Bem, a questão de pedir autorização para entrar nas propriedades é uma das recomendações genéricas que existe neste tipo de trabalhos. Aliás acho que até faz parte do código de ética dos observadores de aves que foi discutido neste Forum ainda não há muito tempo.

Quando andei a fazer atlas de nidificantes eu andava sempre com uma credencial do ICN (creio que todos os colaboradores tinham uma) que explicava o que era o projecto - e precisei de a mostrar por duas ou três vezes, mas curiosamente tal só foi necessário no Ribatejo

Claro que sim -- aliás troquei umas ideias com o coordenador regional do Atlas sobre isto (e com o João Rodrigues, que lançou aqui o tópico). Não estava era à espera de que uma área que eu pensava estar debaixo da tutela do ICNb ser gerida pela herdade vizinha, daí ter sido saltado a cerca de modo tão afoito.

Quanto às credenciais, parece-me uma excelente ideia. Desconheço se as há para este Atlas - mas dariam jeito.

Pedro Fernandes escreveu:Não estava era à espera de que uma área que eu pensava estar debaixo da tutela do ICNb ser gerida pela herdade vizinha, daí ter sido saltado a cerca de modo tão afoito.

Bem, na verdade o que há mais por esse país fora são áreas protegidas em terrenos maioritariamente privados.

Assim de repente ocorrem-me estas: estuário do Tejo (Pancas, Vasa-Sacos), estuário do Sado (Herd. Zambujal e Herd. Pinheiro), P. N. Arrábida, P. N. Ria Formosa (Ludo).

Pedro Fernandes escreveu:Quanto às credenciais, parece-me uma excelente ideia. Desconheço se as há para este Atlas - mas dariam jeito.

tal como ao Pedro, aconteceu-me (involuntariamente) entrar em terrenos privados durante o Atlas.
E após explicar ao dono o que é que um tipo de binóculos andava a fazer na propriedade dele, este mostrou-se menos preocupado e não colocou nenhum entrave em que eu lá estivesse.

Bom, este acontecimento fez com que entrasse em contacto com a SPEA, pedindo alguma identificação ou algo semelhante. Enviaram-me um documento onde para além de outras informações é também explicado o que é o Atlas.

Quando foi o Atlas de Nidificantes penso que foi também cedido uma espécie de identificação para colocar nos carros...penso eu de que.

Hmmm... pois, refraseando, pois parece que não me estou a fazer entender. Não estava à espera que uma área protegida fosse totalmente gerida por privados, repara que o açude da Agolada é bastante pequeno.

Trocando em miúdos, não esperava que uma área protegida que cabe no quintal de alguém fosse de facto o quintal de alguém. Mas isso já é tópico para o outro tópico -- quanto à resposta à questão se é privada toda a área, repito o que escrevi, penso que sim mas não sei ao certo.

Anteontem, dia 17/03/2012, observei no paul de Boquilobo -

Hirundo rustica 2 individuos perto do posto de observação.
Tachybaptus ruficollis - pelo menos 3 individuos, vários avistamentos (provavelmente seriam mais individuos, mas 3 apenas foram confirmados visualmente em simultaneo)
Ardea purpurea - confirmada presencialmente pelo guarda/responsavel lá do sitio, segundo ele, terá sido o segundo avistamento por ele este ano.
Anas platyrhynchos - pelo menos uns 12 individuos
Ardea alba - 6 individuos
Gallinula chloropus - 1 individuo.
Todos os avistamentos relatados ocorreram entre as 16:30 e as 18:20h
Avistei ainda vários bandos de bicos de lacre, mas penso que por serem exócticos não são para aqui chamados.

Ouvidos mas não avistados foram:
Pintassilgos, verdelhões, rouxinol-comum, Javalis (não interessam muito para aqui), e possivelmente Alcedo atthis (não tenho certezas).

Desde já agradeço ao senhor de oculos do jeep da ICN que lá estava que se disponibilizou a dizer-nos onde ficava o observatório, caso contrário ainda hoje andava á procura daquilo loooooool
Realmente quem disse para levar telescopio não me enganou, é real que dá um jeitão. Mesmo com a minha 150-500mm, foi dificil conseguir fotos de qualidade, apenas consegui algumas fotos de qualidade decente/inferior de mergulhões-pequenos, e várias de registo do resto da bicharada (lá vou eu que ter que investir num teleconversor eheheh, tenho é que descobrir um modelo que me permita usar a minha 150-500 e a minha Nikkor Micro 55mm AI-s)

Já agora, alguém me sabe dizer se existem outros sitios ali na zona onde eu posso montar arraiais com camuflagem junto á água e esperar pelos animais? Sabem se é permitido o uso de abrigos portateis, como os da fotocamo e onde? E se existe algum acesso aquela lagoa que vemos á nossa esquerda ao longo do caminho para o observatório? Hidrohides e tumbihides ali esquece não é?
Quanto á questão do açude da Agolada, fui recentemente informado que, a entrada é gratuita, mas que está restrita a determinadas condicionantes e estou já a planear uma saida de reconhecimento ao local, agora preciso é de tempo livre para o fazer e bom tempo, especialmente quando já estou a planear outra saida para o boquilobo lá para dia 26, a ver se apanho aquilo ao nascer do sol...

No site do ICNB, mais precisamente na página dedicada ao paul do Boquilobo, pode ler-se:

Único local em que se reproduz o zarro-comum e um dos poucos em que nidificam a gaivina-dos-pauis e o colhereiro.

Esta informação está bastante desactualizada. Há vários anos que a espécie nidifica em diversos locais do Alentejo e do Algarve.

Hoje, apesar da chuva, fui ao Paul.
Há a destacar os bons números de turdídeos nas galerias ripícolas, entre os quais Tordo-zornal e Tordo-ruivo. Incontáveis bandos de Tentilhões-monteses, Lugres, Milheirinhas e Tentilhões-comuns. Observei um casal de Pica-pau-galego (talvez 2 casais).
Observei ainda dois Açores adultos.

No barracão a caminho do observatório estava uma Coruja-das-torres.

O Braço do Cortiço encontra-se com o nível de água ainda muito baixo... estava à espera de o encontrar cheio de anatídeos e nada (fazem falta observatórios para a zona que fica alagada todo o ano... ). Em vez disso encontrei-o cheio de passeriformes a alimentarem-se na vegetação seca: Pardais-monteses, Pintassilgos, Bicos-de-lacre constituiam o grosso das tropas. Tamanha concentração atrai rapinas. Um Tartaranhão-cinzento (macho) fez-se ao bando e teve sorte, foi uma bela cena de ação.

Nos campos de restolho em volta do Paul alimentavam-se cerca de 70 Cegonhas-brancas, uma Garça-branca-grande e inúmeras Garças-reais. A elas juntou-se um bando de Gaivotas-de-dorso-escuro. Bons números de Abibes, Tarambolas, Lavercas, Alvéolas-brancas (pelo menos 3 yarrellii).
Uma fêmea de Tartaranhão-cinzento, um macho de Tartaranhão-dos-pauis, Peneireiros-cinzentos, Peneireiros-comuns e Águias-d'asa-redonda.

Vejo que te divertiste.

O Boquilobo costuma ser um dos sítios 'clássicos' para tentilhão-montês.

Bem verdade Gonçalo ontem também os vi pelos arredores de Tomar (Quinta do Falcão, Marmeleiro e Madalena) sempre associados a Fringilla coelebs.

Ainda hoje comentei que o Paul do Boquilobo deveria estar a abundar com Tentilhões-monteses... A ver se este inverno ainda consigo dar lá um pulinho.

Alguém sabe mais informações sobre a observação no Boquilobo? Foi um contacto auditivo?

Segundo me disse em tempos o observador, foi no dia 7 de Junho de 2002, às 15 horas, ouvida a vocalizar por 2 vezes.

Se tiveres interesse em saber mais pormenores, posso dar-te o contacto do observador para o contactares directamente.

Gonçalo Elias escreveu:Se tiveres interesse em saber mais pormenores, posso dar-te o contacto do observador para o contactares directamente.

Agradecia imenso Gonçalo.

Hoje, dia de caça nas áreas circundantes do Paul, as aves apresentavam-se ainda mais nervosas que o habitual.

71 espécies observadas, há a destacar:

FRI MON (continuam presentes as aves que têm sido observadas na área)
TUR ILI (claramente o dia em que vi mais aves desta espécie no local, a destacar um bando com cerca de 100 ind.)
TUR PIL (14 ind.)
REG REG (pelo menos 3 na área de montado atravessada pelo percurso circular)
DEL URB (4 ind. as primeiras do ano)
ANS ANS (4 ind.)
FAL COL (1 macho a caçar nos campos agrícolas)
HAE OST (primeira vez que observo a espécie no local, 1 ind. em repouso num campo alagado no meio de um bando enorme de VAN VAN e PLU APR)

Epá, eu tenho mesmo de ir aí. Um dia em cheio, diga-se!
Por onde costumas fazer o teu percurso, Paulo?

Bom registo Paulo! Olha já agora faço a mesma pergunta que o Pedro fez: qual o percurso que costumas fazer? É que uma vez fui aí e não tive grande sorte, ou então não percorri o caminho certo x)

Paulo Alves escreveu:Hoje, dia de caça nas áreas circundantes do Paul, as aves apresentavam-se ainda mais nervosas que o habitual.

71 espécies observadas, há a destacar:

FRI MON (continuam presentes as aves que têm sido observadas na área)
TUR ILI (claramente o dia em que vi mais aves desta espécie no local, a destacar um bando com cerca de 100 ind.)
TUR PIL (14 ind.)
REG REG (pelo menos 3 na área de montado atravessada pelo percurso circular)
DEL URB (4 ind. as primeiras do ano)
ANS ANS (4 ind.)
FAL COL (1 macho a caçar nos campos agrícolas)
HAE OST (primeira vez que observo a espécie no local, 1 ind. em repouso num campo alagado no meio de um bando enorme de VAN VAN e PLU APR)

Excelente dia, e parece-me que ainda sacaste uma espécie nova para o distrito de Santarém

PNicolau escreveu:Epá, eu tenho mesmo de ir aí. Um dia em cheio, diga-se!
Por onde costumas fazer o teu percurso, Paulo?

Respondendo também ao João, costumo fazer o percurso circular que começa junto à sede da Reserva. Encontra-se marcado (marcos novos, colocados recentemente). Percorro-o até ao observatório do Braço do Cortiço. De regresso entro no montado que se encontra ao longo da linha férrea, o percurso atravessa-o.
Este trajecto, incluindo paragens para observações, é coisa para demorar umas 4h e tem aproximadamente 4km.



1- Sede da Reserva
2- Braço do Cortiço e observatório
3- Reserva integral

Os terrenos algados a Este da reserva são interessantes também e merecem algumas paragens. Sigo a Estrada dos Lázaros (a amarelo) até à N365.



1- Sede da Reserva

Gonçalo Elias escreveu: Excelente dia, e parece-me que ainda sacaste uma espécie nova para o distrito de Santarém bounce

Pois, já me tinha apercebido. Boa!