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O Fogo e as Aves

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Mensagem por Paulo Lemos Ter Fev 14, 2012 10:43 am

A evolução da paisagem de uma zona do Minho foi avaliada para o período 1953-1995, tendo-se verificado um aumento da diversidade da paisagem que não foi, curiosamente, acompanhada de um incremento da diversidade de aves, veja porquê.

http://naturlink.sapo.pt/Natureza-e-Ambiente/Agricultura-e-Floresta/content/Alteracoes-da-paisagem-de-uma-Regiao-do-Minho-no-Periodo-1958-1995-e-seus-Impactos-na-Diversidade-de-Aves-A-Importancia-do-Fogo?bl=1&viewall=true#Go_1

Como medidas gerais para a manutenção da diversidade paisagística e de aves na região, sugere-se: (a) a manutenção das áreas agrícolas remanescentes, por exemplo através do desenvolvimento de políticas agro-ambientais; (b) a promoção de espécies de árvores nativas, particularmente carvalhos, em detrimento de pinheiros e eucaliptos. Esta medida permitiria igualmente diminuir o risco de fogos florestais de grandes dimensões (resultados apresentados noutro artigo); (c) a promoção da utilização do fogo controlado na região. Esta técnica permite simultaneamente a criação de habitats importantes para a vida selvagem e a prevenção de fogos florestais de grandes dimensões, ao criar corta-fogos na paisagem.



Se vale comentar alguma coisa (e haveria muito a dizer), um pouco por todo o lado este país foi atingido pelo exodo rural e pelo fogo, com uma ou outra diferença conforme a região (algumas modificadas pelo fogo há séculos ou mais).
Mas as medidas sugeridas implicariam alguns cuidados bem como um conhecimento preciso da biodiversidade e ecologia da cada área.
A biodiversidade que caracteriza um ecossistema não se limita às "aves".

Quanto a floresta: como referido, este habitat leva décadas a vingar após ardida uma área, mas demora umas 2 ou 3x mais envelhecer (em termos ecológicos), e este processo faz aumentar a sua diversidade ambiental e biológica. Dependendo do tempo, do tipo de solo, exposição, altitude, clima, geografia em geral, a floresta pode assumir variadas formas em termos de estratos, densidade e diversidade.
A evitar, portanto, usar indiscriminadamente o poder do fogo perto deste biotopo, que em grande parte dos nossos espaços se encontra ainda em plena recuperação/evolução.

Interessa também considerar o actual cenário climatológico e o "fenómeno" hoje comum a todos ecossistemas selvagens: uma perda de biomassa animal indígena e consequentemente também em diversidade, cujas causas ultrapassam as meras variações da paisagem/espaço físico. Não se pense que as perdas dos ultimos anos se devem apenas às apontadas alterações... e isto exige mais cuidado ainda nas intervenções.


PS: As monoculturas florestais de algumas áreas do país, especialmente aquelas cujo corte vai sendo esquecido (e apresentam já craracterísticas de floresta climax), tornaram-se o ultimo reduto para certas espécies animais e vegetais. A substituição para espécies florestais indígenas deve ser cuidada, gradual e basear-se num conhecimento exaustivo da biodiversidade local.
Paulo Lemos
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Mensagem por paulo dias Ter Fev 14, 2012 2:12 pm

Boas
Apesar de não ser biólogo (achei o artigo e observações bastante interessantes) devo refererir duas situações. A primeira parece-me um pouco especulativa a extrapolação no tempo:

"Análise das variações estimadas para o período 1958-1995

Para estimar a variação no número de indivíduos de cada espécie de ave ao longo dos anos, a densidade medida em cada habitat foi multiplicada pela abundância do habitat nos vários anos. Por exemplo, se uma cotovia ocorreu em zonas agrícolas numa densidade de 2 casais/ 10 ha, então se seria 1000 ha de áreas agrícolas em 1958, deveriam ter ocorrido 200 casais em toda a área de estudo. Se essa área diminuiu para 500 ha em 1968, então a população de cotovias deverá ter baixado para 100."

Alguém me poderia dar uma definição de floresta, tenho sempre uma grande dificuldade em associar a palavra "floresta" a Portugal (que a norte do Tejo pressumo que o que domina é a monocultura de eucalipto/pinheiro bravo).

Boas observações


paulo dias

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