Como abreviar os nomes das aves

Olá a todos,

Partilho convosco uma forma de abreviar os nomes das aves que dá muito jeito para fazer as notas de campo sem ter de escrever os nomes completos das aves: consiste em aproveitar as primeiras 3 letras de cada nome, ignorando as restantes. Parece que este sistema foi inventado pelos finlandeses (ou pelo menos é muito popular nesse país) por isso eu refiro-me a ele como "notação finlandesa".

Exemplos:
Hirundo rustica fica Hir rus
Buteo buteo fica But but
Charadrius alexandrinus fica Cha ale
Sylvia atricapilla fica Syl atr
Carduelis chloris fica Car chl

e por aí adiante.

Claro que uma pergunta se impõe: então mas não há casos em que a abreviatura é igual? A resposta é: sim, há, mas são muito poucos e por isso não causam muita confusão - basta encontrar soluções para essas situações.

Os casos ambíguos que conheço são:

Corvus corone / Corvus corax - neste caso escrevo Cor crn, Cor crx
Porzana porzana / Porphyrio porphyrio - utilizo Por zan, Por phy
Pyrrhula pyrrhula / Pyrrhocorax pyrrhocorax - utilizo Pyr hul, Pyr hoc
Acrocephalus palustris / Acrocephalus paludicola- fica Acr pal / Acr ola (Júlio, podes confirmar este, por favor?)
Stercorarius parasiticus / Sterna paradisaea - este não sei muito bem como resolver (não costumo ter este problema pois não faço muita observação de aves marinhas) - alguém tem sugestões?

1 abraço,
Gonçalo

Confirmo que o Acrocephalus paludicola é abreviado ACROLA.
Este sistema foi sugerido por alguém que deve ter algo escrito sobre o assunto, mas infelizmente não tenho a referência, e sem saber o nome é difícil encontrar. Mas é um sistema muito usado internacionalmente.
O Corvus corone é agora frequentemente considerado espécie distinta do Corvus cornix, o que cria outro problema...
Júlio

Júlio Neto escreveu:Confirmo que o Acrocephalus paludicola é abreviado ACROLA.

Obrigado.

Júlio Neto escreveu:O Corvus corone é agora frequentemente considerado espécie distinta do Corvus cornix, o que cria outro problema...

Que tal Cor nix?

puxo este tópico antigo para quem ainda não conhece esta notação, que considero muito útil para registar observações sem ter de escrever muito

Já agora porque não sugerir aos membros do Aves a utilização "notação finlandesa" em todas as intervenções no forum, sempre que queiram abreviar?

O Saxicola rubicola veio "estragar o esquema".

Helder Vieira escreveu:O Saxicola rubicola veio "estragar o esquema".

Se bem que já havia caso(s) idêntico(s), Corvus corone e corax p.ex.

No seguimento do tópico e porque me despertou alguma curiosidade fiz uma pesquisa sobre os códigos de abreviação dos nomes das aves. Aparecem pontualmente em fóruns e trip reports a tal “notação finlandesa” (à falta da denominação original esta parece-me bem), mas não encontrei nenhuma lista sistemática com os códigos das espécies Europeias. A bibliografia mais recente sobre o tema que encontrei é um artigo referente às regras que formam os códigos alfabéticos de 6-letras da lista da American Ornithologists' Union (Pyle & DeSante, 2003).

Comparando o exemplo do Acrocephalus paludicola cuja abreviação (= código) mencionada no tópico é Acrola com o código Acrpad obtido através das regras publicadas no artigo pode verificar-se que não são iguais (i.e. o método para obter os códigos é diferente).

De modo a identificar os possíveis códigos conflituosos (incluindo os já identificados pelos outros utilizadores) fiz um pequeno exercício.

Utilizei a lista da AERC para o Paleárctico Ocidental (versão de Dezembro de 2012), as regras publicadas por Pyle & DeSante (2003) e tentei identificar os códigos em conflito.
A lista tem 965 espécies o que dá origem a 965 códigos, dos quais 43 apresentam conflitos. Fica um link para um pdf com os códigos conflituosos (pode ter erros!).
Segundo o artigo, basicamente, para a formação dos códigos juntam-se as primeiras 3 letras do género e as primeiras 3 letras do restritivo específico e obtém-se o código para a espécie.
Por exemplo:
Phylloscopus collybita ->Phycol
Existem outras regras que são aplicadas quando duas espécies diferentes geram códigos conflituosos, isto é, iguais. Seguindo essas regras apresentadas no artigo alguns dos códigos são pouco intuitivos, na minha opinião. Por exemplo, seguindo as regras o código da espécie Ficedula albicollis seria Ficals. Por essa razão, parece-me que pode ser pouco prático usá-los. Contudo, o uso de uma lista extensa como a do Paleártico Ocidental é um pouco contraproducente uma vez que numa saída para observação de aves, muitas das espécies não vão ser observadas, e os códigos não vão para os nossos apontamentos! Com os códigos de uma lista de aves só para Portugal Continental parece-me que o problema não se põe.

Existem milhentas formas de formar estes códigos. Tentei usar uma outra forma de resolver os conflitos, que numa primeira análise me pareceu mais intuitiva. Tendo os nomes científicos que geram códigos conflituosos por ordem alfabética (A-Z) mantive o código conflituoso para o nome científico que está em primeiro lugar e para o nome científico seguinte optei pelas últimas três letras do código serem as últimas três letras do restritivo específico.
Por exemplo:
Resolução Pyle & DeSante (2003)
Phylloscopus trochiloides -> Phytro -> Phytrd
Phylloscopus trochilus -> Phytro -> Phytrs
Resolução 2
Phylloscopus trochiloides -> Phytro -> Phytro
Phylloscopus trochilus -> Phytro -> Phylus
Esta opção também não permite gerar o código Acrola para a espécie Acrocephalus paludicola. Possivelmente no caso da “notação finlandesa”, usa-se a regra mais geral (as primeiras 3 letras do género e as primeiras 3 letras do restritivo específico), e em caso de conflito o código para essas espécies foi/é escolhido arbitrariamente.

Para os interessados a referência completa do artigo é esta:
Pyle, P., DeSante, D.F., 2003. Four-letter and six-letter alpha codes for birds recorded from the American Ornithologists’ Union check-list area. North American Bird Bander 28, 64–79.

Cumps

Muito interessante Hugo!

Pessoalmente acho que preferiria usar as três primeiras letras para a espécie mais comum (e não necessariamente para a que vem primeiro). Por exemplo, creio que Phy tro faz mais sentido para trochilus, uma vez que é muito mais abundante. Mas claro que isto é muito discutível.

Concordo! À escala nacional será com certeza assim (e mesmo à escala mundial). Mas com outras espécies, não sei o critério da abundância será assim não linear de utilizar.