Little Brown Jobs 2 - Sturnus sp.

And now for something completely different ...

As duas espécies de estorninhos (não vou meter o roseado ao barrulho aqui) são um problemas em censos de invernantes. Uma ave individual bem vista não oferece grandes dificuldades de ID, mesmo para observadores menos experientes. Mas o que torna estas duas espécies um problema são as condições em que as aves são vistas.

No inverno, os estorninhos têm a mania de andar em bandos, por vezes muito grandes, e são vistos a distâncias consideráveis. Agora, a dificuldade está em distinguir as espécies num bando de dezenas ou centenas.

No PortugalAves, há duzentos registos de Sturnus unicolor para o período de novembro a fevereiro (todos os anos), maioria aves individuais ou em bandos até dezenas (esperodacimento mais). Ao contrário, para Sturnus vulgaris, há somente 29 registos, no entanto frequentemente com bandos de várias centenas de aves.

Por exemplo, para o Atlas das Aves Invernantes, é imprescendível identificar as aves ao nível da espécie: não há registos Sturnus sp. Logo, a questão da correta ID das duas espécies é fundamental.

Por isso, colocam-se as seguintes perguntas:

- há bandos mistos com as duas espécies?
- se sim, há formas de distinguir as espécies em bandos mistos?
- serão bandos maiores tendencialmente compostos por S. vulgaris?
- o que se sabe da fenologia dos vulgaris?
- há diferenças na distribuição geográfica das duas espécies em Portugal Continental no inverno?

Um abraço,

Henk Feith

Sim Há Bandos Mistos, os Bandos em Peniche por exemplo nesta altura são mistos, no inicio da epoca eram todos unicolores.
Sim, é possível distinguir as espécies, mas implica ver os indivíduos relativamente bem,
O problema é ter uma ideia da constituição do bando, é virtualmente impossível conseguir contar correctamente cada uma das espécies, o melhor que se pode conseguir é ter uma ideia da percentagem de cada espécie dentro do Bando

Os bandos podem ser mistos e inclusive fazem dormitórios mistos. Aquilo que tenho observado para os unicolor é que "sofrem" de um menor gregarismo. Não sendo invulgar encontrar individuos isolados ou aos pares, no Inverno, durante o dia.

Mas é totalmente empírica esta apreciação.

Olá Henk, exceptuando situações de contra-luz, e até uma certa distância é possivel distinguir no inverno ambas as espécies em bandos mistos tanto no chão como poisados ou mesmo em voo pelos tons acastanhados de S. vulgaris, contra o preto de unicolor.

O sarapintado do peito, é claro, distinto, mas necessita de uma menor distância observação, e que não ocorre tantas vezes como desejamos....e por isso tento sempre procurar os castanhos antes das pintas.

Olá a todos,
aproveito para recuperar um tópico onde esta questão foi abordada:
https://aves.forumeiros.com/t3489-estorninho-malhado?highlight=estorninho
Boas observações,
Rafael

Excelentes fotos com exemplos da extensão de malhado em imaturos de estorninho-preto, no que parece ser por ordem no topico, 2 femeas e 1 macho.
É visivel a diferença do bordo branco na orla das coberturas infra-caudais, muito menor e menos contrastante do que no estorninho-vulgar.

femea imatura de S. unicolor, provavelmente 2º ano
https://2img.net/r/ihimizer/img826/6236/estorninhomalhado.jpg

provavelmente um macho imaturo, de S. unicolor
https://2img.net/r/ihimizer/img294/5568/estorninho01.jpg

um imaturo de S.vulgaris (num topico recente e identificado pelo Rafael)
https://2img.net/r/ihimizer/img213/6630/img8213v.jpg

Aves adultas de estorninho-preto no inverno, podem nem apresentar malhado, sobretudo os machos

cumps,
Rui

Já agora a minha contribuição:

As malhas do S. unicolor são visíveis sobretudo no Outono após a muda pós-nupcial completa. Depois vão desaparecendo ao longo do Inverno, por abrasão (desgaste) das extremidades. isto significa que a possibilidade de confusão é maior no Outono que no Inverno (mas convém notar que as pintas dos S. vulgaris também vão encolhendo ao longo do Inverno, o que faz com que um S. vulgaris na Primavera seja parecido ao S. unicolor no Outono

Quanto aos bandos mistos, também os observo com frequência - mais nas zonas de alimentação do que nos dormitórios.

Novamente um obrigado a todos.

Portanto, aqui concluímos que o problema é real e é de encarar a identificação de estorninhos em bando como uma estimativa com uma margem de incerteza bastante grande. Seguramente que treino e prática reduzam essa margem.

Vai ser um desafio nos próximos meses!

Um abraço,

Henk

O maior problema que vejo em contabilizar cada espécie nos bandos, através de mera observação, é comportamento das espécies, irrequieto.
Quando muito em situações particulares, como um bando calmamente pousado ao fim da tarde antes da pernoita (se o fizerem), seria viável tirar uma boa série de fotos e depois analisa-las com atenção.

Por curiosidade, há muitos anos em fins de dia soalheiros, notei no Braço da Barrosa o brilho reflectido pelos bandos especialmente qdo "concentrados" com presença de uma rapina próxima ou algo do género.
À medida que o fim do Verão/Outono avançava, o brilho dos bandos alternava entre duas cores típicas mas invertendo-se a predominancia de cada uma: entre posições de voo e alternando, o verde a dominar (mais forte) aos poucos sobre o roxo metalizado e não o inverso.
Aqui está um factor que raramente vejo referido para a distinção destas espécies: a "cor" do brilho metálico.
Fica apenas a curiosidade para observação de mais perto em casos mais bicudos, pois será sempre impossível contabilizar nos bandos através disto.