Aves Exóticas do Concelho de Portimão

Esta mensagem pretende ser um update das espécies exóticas observadas no concelho de Portimão. A compilação dos registos resultou para além das observações pessoais, da pesquisa bibliográfica, nomeadamente dos relatórios da associação A Rocha (publicados deste 1984) e noticiários ornitológicos da SPEA (em papel e electrónico) e a gentil cedência de registos de alguns observadores (G. Vowles, J. Brito. P. Melo)

Cisne-preto Cygnus atratus
- 1 adulto com a plumagem muito danificada na Barragem dos Álamos, Morgado do Reguengo, a 21 de Setembro de 2006

Ganso-doméstico Anser anser var. domestica
- 1 ind. na Barragem dos Álamos, Morgado do Reguengo, em Fevereiro de 2007

Pato-do-mato Cairinia moschata
- 1 ind. no Bom Retiro, estuário do Arade, entre 27 de Março e 1 de Abril de 1998

Pato-casarca Tadorna ferrugínea
- 1 ind. na Ria de Alvor, a 22 de Abril de 2005

Pato-mandarim Aix galericulata
- 1 macho adulto na Barragem dos Álamos, Morgado do Reguengo, a 8 e 9 de Março de 2006

Marabu Leptoptilos crumeniferus
- 1 ind. no Morgado do Reguengo, a 26 de Agosto de 2004

Faisão Phasianus colchicus
- Esta espécie nidificou na Ria de Alvor entre 1988 e 1990. Tendo sido observada neste local em meados de Fevereiro de 1997

Rola-dos-palmares Streptopelia senegalensis
- 1 ind. na Ria de Alvor a 12 de Julho de 1994

Cocatiel Nymphicus hollandicus
- 1 ind. na cidade de Portimão a 12 de Outubro de 1997
- 1 ind. no Bom Retiro, estuário do Arade, 18 de Dezembro de 1999
- 1 ind. em Alcalar a 19 de Setembro de 2004
- 1 ind. no Almadanim, Morgado do Reguengo, a 9 de Agosto de 2006

Periquito Melopsittacus undulatus
- 1 ind. cidade de Portimão a 2 de Janeiro de 2000
- 1 ind. cidade de Portimão a 2 de Dezembro de 2000

Periquito-rabijunco Psitaculla krameri
- 1 ind. Morgado de Arge a 19 de Novembro de 1997
- 1 ind. Ria de Alvor a 25 de Junho de 2000
- 1 ind. Ria de Alvor a 26 de Janeiro de 2001
- 2 inds. Ria de Alvor a 8 de Fevereiro de 2001
- 1 ind. Ria de Alvor a 25 de Fevereiro de 2001

Caturrita Myopsitta monachus
- Observado na parte norte da cidade Portimão (entre o Largo Gil Eanes e o Bom Retiro) entre 21 de Março e 1 de Outubro de 1997. Um casal produziu 4 crias no Bom Retiro.
- 1 a 2 inds. no Bom Retiro entre 17 de Junho e 14 de Julho de 1998
- 1 ind. na estação dos comboios de Portimão a 11 de Agosto de 2001

Engole-malagueta Pycnonotus barbatus
- 1 ind. Ria de Alvor, sem data

Rouxinol do Japão Leothrix lutea
- 1 ind. na Ria de Alvor em Junho de 1992

Peito-celeste Uraeginthus bengalus
- 1 ind. na Ria de Alvor em Setembro de 1992

Bico-de-lacre Estrilda astrild
- Exótica bem estabelecida

Face-laranja Estrilda melpoda
- 1 ind. na Abicada, Ria de Alvor a 21 de Agosto de 1990

Januário Estrilda troglodytes
- 1 ind. no Morgado de Arge a 16 de Julho de 1991

Capuchinho-dominó Lonchura punctulata
- até 10 inds. na Ria de Alvor entre 9 de Setembro e 18 de Novembro de 1999

Pardal de Java Padda oryzivora
- 1 ind. encontrado morto na cidade de Portimão a 24 de Fevereiro de 2007

Peito-carmim Carpodacus erythinus
- 1 ind. Ria de Alvor a 9 de Novembro de 1995

Escrevedeira-de-cabeça-preta Emberiza melanocephala
- 1 ind. na Ria de Alvor a 12 de Agosto de 1988

Para além das espécies acima referidas, foram referenciadas para os concelhos limítrofes (Lagoa, Silves, Monchique e Lagos) as seguintes espécies exóticas:

Ganso-de-cabeça-listada Anser indicus
Ganso do Canadá Branta canadensis
Pato-canela Anas cyanoptera
Pato-rabo-alçado-americano Oxyura jamaicensis
Charrela Perdix perdix
Águia-das-estepes Aquila nipalensis
Rola-mourisca Streptopelia risoria
Cacho-caldeirão Ploceus cucullatus
Tecelão-de-cabeça-preta Ploceus melanocephalus
Bico-carmim Quelea quelea
Arcebispo Euplectes afer
Saia-blusa Euplectes hordaceus
Bico-negro Estrilda rhodopyga
Bengali Amandava amandava
Mandarim Taeniopygia guttata
Capuchinho-tricolor Lonchura malacca
Capuchinho-de-cabeça.branca Lonchura maja
Trombeteiro Bucanetes githagineus
Escrevedeira-doméstica Emberiza striolata

Descobri ainda há pouco - vergonha das vergonhas - que há uma sala neste fórum para Exóticas.

É do entendimento comum que espécies de aves exóticas, observadas em liberdade, são aves oriundas de cativeiro: ou porque as libertaram ou porque escaparam. O serem muito vistosas e fartamente coloridas ajuda a reforçar esse «entendimento».

Assim, achei bastante interessante o desfile de espécies que até à data já foram registadas neste Concelho de Algarve.

No entanto, com algumas delas, apetece especular: e não poderiam ter aparecido «pelo seu próprio pé»(voo seria mais apropriado)? E penso sobretudo nos: Pato-casarca Tadorna ferrugínea, Rola-dos-palmares Streptopelia senegalensis, Engole-malagueta
Pycnonotus barbatus, Trombeteiro Bucanetes githagineus,
Escrevedeira-doméstica Emberiza striolata .

São espécies que nidificam no Magreb e, pelo menos o Trombeteiro, no país vizinho. Não é assim tão longe... Aliás para algumas destas espécies, como por exemplo a Escrevedeira-doméstica e o Engole-malagueta, espanta-me mesmo é o reduzido número de observações, até à data, no nosso país.

É certo que estamos perante granívoros, portanto potenciais engaiolados, mas ainda assim não me parece de todo improvável que possam divagar até ao nosso território. O Mundo das Aves têm assistido a coisas muito mais estranhas...

Concordo plenamente com a sua opinião. Podendo algumas das espécies citadas, ter origem na natureza, no entanto e por motivos de alguma precaução, acho que deverão ser inicialmente como potencialmente fugidas de cativeiro. Futuramente e nos casos em que a origem natural seja confirmada ou muito provável, aí sim acho que poderão ser consideradas de ocorrência natural.

A minha abordagem à lista apresentada, vai de encontro às novas correntes europeias e norte-americanas sobre o assunto, isto é, todas as espécies que possam eventualmente ser oriundas de cativeiro, são numa primeira fase consideradas como exóticas e só após eventual confirmação da sua ocorrência natural, é que passam a constar nas listas A e B (espécies que ocorrem no seu estado natural).

Carlos Pereira escreveu:
É certo que estamos perante granívoros, portanto potenciais engaiolados, mas ainda assim não me parece de todo improvável que possam divagar até ao nosso território. O Mundo das Aves têm assistido a coisas muito mais estranhas...

Amigo Carlos,

Embora haja uma crença generalizada de que são principalmente os granívoros as vítimas de engaiolamento, a verdade é que existe em cativeiro um rol interminável de espécies de aves pertencentes às mais variadas famílias.

Interrogo-me se os cachos-caldeirões, os melros metálicos, os arcebispos, as aratingas, quiçá até os tuitui-ferrões que por aí foram observados em liberdade não serão, todos eles oriundos de cativeiro. Até os batuíras-de-bando e os batuiruçus observados nos Açores poderão, todos eles, ser oriundos de populações em estado não selvagem, ainda que alóctone (pelo menos teoricamente).

Será legítimo assumir que uma ave tem origem selvagem partindo de pressupostos quanto à probabilidade de ela cá chegar pelos seus próprios meios?

É um facto que os engole-malaguetas ocorrem logo do outro lado do estreito, mas não existe notícia de colonização do continente europeu por parte deste ou de qualquer outro engole-malaguetídeo. O trombeteiro, raro em Espanha, também ocorre no vizinho marrocos, não descuremos mesmo as populações das canárias. Mas que se saiba eles não migram. Já os cachos-caldeirões e outras espécies de cachos poderiam também (teoricamente) ter chegado a Portugal pelos seus próprios meios, mas não existem dados que o demonstrem. As observações de cachos em Portugal resultarão provavelmente de aves "importadas", tendo em conta o comportamento não migratório da maioria das espécies.

Já os caturros, outro grupo de potenciais engaiolados, que têm sido observados em Portugal, são muitas vezes considerados como fugidos de cativeiro. No entanto, uma análise aos dados das recapturas na Península Ibérica demonstra a existência de um padrão temporal que não parece aleatório. Será legítimo assumir que estas belas aves só fogem de cativeiro quando as hormonas falam mais alto? Ou tratar-se-á de divagantes genuínos?

1 abraço,
Gonçalo

Amigo Gonçalo,

concordo com quase todas as tuas considerações e refexões em relação a este assunto embora, confesso, tenha ficado literalmente com tal «bombardeamento» vernáculo: cachos-caldeirões, melros metálicos, arcebispos, aratingas, tuitui-ferrões, batuíras-de-bando, batuiruçu, engole-malaguetas, caturros...

UFF!! Deixa-me retomar o espírito.

Interrogo-me se os cachos-caldeirões, os melros metálicos, os arcebispos, as aratingas, quiçá até os tuitui-ferrões que por aí foram observados em liberdade não serão, todos eles oriundos de cativeiro.

só um momento para ver o que são os tuitui-ferrões, as aratingas e os cachos-caldeirões...

Não está fácil...

Bem, em relação às limícolas, parece-me bastante improvável. Os casos de borrelhos e tarambolas que (sobre)vivem em cativeiro não serão muitos. Entre «nós» sei de uns desalmados que tentaram, repetidamente, com Pluvialis apricaria e Charadrius alexandrinus sem qualquer esboço de sucesso. Só tiveram o que mereciam. As aves em causa é que não mereciam tal destino. Conseguiram criar uns Burhinus oedicnemus... Sei ainda de algumas espécies que vão sobrevivendo, após chegarem a alguns centros de acolhimento/recuperação, mas penso que não é a regra.

Será legítimo assumir que uma ave tem origem selvagem partindo de pressupostos quanto à probabilidade de ela cá chegar pelos seus próprios meios?

Na minha opinião não. Tal como não acho legítimo assumir que, por ser uma espécie originária de paragens longínquas, terá de ser oriunda de cativeiro.

Quanto aos engole-malaguetas o facto de não existir notícia de colonização do continente europeu por parte deste , não significa que não possam «divagar», mesmo que raramente.

Em relação aos caturros(são Aythya collaris, não? Estes foi sem consulta...!), concordo inteiramente com as tuas considerações. Porém, tal como para todas as outras espécies que aqui debatemos, as dúvidas irão sempre pairar.

Um abraço

Carlos

Carlos Pereira escreveu:
Quanto aos engole-malaguetas o facto de não existir notícia de colonização do continente europeu por parte deste , não significa que não possam «divagar», mesmo que raramente.

recupero este tópico, só porque se em 2007 ainda não vinham a caminho, neste momento tal já não é necessariamente verdade.

pedro121 escreveu:

Carlos Pereira escreveu:
Quanto aos engole-malaguetas o facto de não existir notícia de colonização do continente europeu por parte deste , não significa que não possam «divagar», mesmo que raramente.

recupero este tópico, só porque se em 2007 ainda não vinham a caminho, neste momento tal já não é necessariamente verdade.

Efectivamente há uma série de observações recentes em Tarifa (por recentes entenda-se de finais de 2013 até ao presente).

Observações de diversos indivíduos que envolvem múltiplas posturas de sucesso.