Aves que passam por cá - de onde vêm?

Mesmo se estiver um casal em habitat propicio e se mantiver fiel ao local ?

pedro121 escreveu:Mesmo aves com comportamento "agitado" não quer dizer nada, Tri tot tem sempre comportamento agitado.

Não sei bem o que queres dizer com isso, mas eu em Maio já vi aves a fazer um voo estranho (quase "tipo actitis") que nunca vi noutras épocas do ano. Seria uma espécie de parada nupcial? Ou seja, há vários tipos de agitação. Fugir aos berros não significa nada, mas certos tipos de voo podem significar.

Sim, duvido que uma ave a cantar vários dias ou a fazer paradas nupciais seja comportamento comum.

Gonçalo Elias escreveu:

pedro121 escreveu:Mesmo aves com comportamento "agitado" não quer dizer nada, Tri tot tem sempre comportamento agitado.

Não sei bem o que queres dizer com isso, mas eu em Maio já vi aves a fazer um voo estranho (quase "tipo actitis") que nunca vi noutras épocas do ano. Seria uma espécie de parada nupcial? Ou seja, há vários tipos de agitação. Fugir aos berros não significa nada, mas certos tipos de voo podem significar.

O que me recordo das minhas observações em Junho era um comportamento algo semelhante ao dos pernilongos quando estão a defender um habitat de nidificação , mas com voo mais baixo também muito vocal e com voos pausados e circulares parecendo estar a defender o território onde regressava sempre que a suposta ameaça desaparecia.

Continuamos nos tringas e agora vamos ver a situação do perna-vermelha-escuro Tringa erythropus.

Como se pode ver pelo mapa abaixo, esta espécie só nidifica em latitudes elevadas (acima dos 60 graus) por isso ao contrário das espécies anteriores não tem populações reprodutoras em latitudes mais temperadas (UK, Polónia, Bielorrússia, nos países bálticos, Alemanha ou Dinamarca). Só mesmo lá bem para cima. Em termos populacionais destaca-se a Finlândia, seguindo-se a Rússia, a Suécia e a Noruega. Note-se também que os valores totais da população em cada país, mesmo nos países onde é mais numerosa, são muito inferiores aos das espécies precedentes. Isto significa que globalmente esta espécie é muito menos abundante - e de facto em Portugal são raras as observações de muitos indivíduos juntos, geralmente aparece isolado ou em pequenos bandos e apenas num número muito reduzido de locais (embora isso não impeça que seja mais numerosa em corredores migratórias mais a leste, o ponto aqui é que a população total é bem menor).

Rogerio escreveu:Mesmo se estiver um casal em habitat propicio e se mantiver fiel ao local ?

Como sabes que são um casal? eles não tem dimorfismo.

Eu já vi bique-biques a "cantar" em postes na ponta da erva e não é por isso que criam lá. As aves no período pré reprodução podem ter comportamentos de reprodução, são as hormonas a falar. E aves que fiquem cá em período de reprodução podem ter comportamentos que indiciam a reprodução, mas nada acontecer. Pergunta a qualquer criador de aves, não há nada pior do que casais que fazem tudo, menos porem ovos...

Continuamos nas limícolas maiores e hoje vamos ver o maçarico-galego Numenius phaeopus.

No caso desta espécie destaca-se a Islândia que alberga mais de metade da população europeia. Muitos dos maçaricos-galegos islandeses visitam a costa portuguesa durante a migração primaveril (fim de Abril ou início de Maio) mas não param na migração de retorno que é feita em voo directo até à costa africana. O resto da população europeia está sobretudo na Fino-escandinávia e na Rússia, com números menores noutros países, mas tudo em latitudes mais ou menos elevadas.

pedro121 escreveu:

Rogerio escreveu:Mesmo se estiver um casal em habitat propicio e se mantiver fiel ao local ?

Como sabes que são um casal? eles não tem dimorfismo.

Eu já vi bique-biques a "cantar" em postes na ponta da erva e não é por isso que criam lá. As aves no período pré reprodução podem ter comportamentos de reprodução, são as hormonas a falar. E aves que fiquem cá em período de reprodução podem ter comportamentos que indiciam a reprodução, mas nada acontecer. Pergunta a qualquer criador de aves, não há nada pior do que casais que fazem tudo, menos porem ovos...

Não sei de facto , é uma suposição , podem ser só amigos

Continuamos nas grandes limícolas e olhamos agora para o maçarico-real Numenius arquata.

Contrariamente às espécies precedentes, que nidificam maioritariamente em latitudes elevadas (>60 ºN), o maçarico-real conta com importantes populações em latitudes temperadas e por isso está presente num grande número de países europeus. Destaca-se a importante população do Reino Unido, assim como a da Rússia e as dos países nórdicos. A Irlanda, a Holanda e a Alemanha também têm populações relevantes.

E agora é a vez do pilrito-escuro Calidris maritima.

A distribuição desta espécie é bastante diferente das anteriores. Os dois locais mais importantes para a nidificação da espécie são a Islândia e a Gronelândia. Seguem-se a Noruega (incluindo Svalbard) e com menor expressão a Suécia.

Repare-se também nos dados de Inverno (valores a azul) e é curioso notar que mesmo nessa altura é igualmente na Islândia, na Gronelândia e na Noruega que se concentra a maior parte do efectivo invernante. A população que chega ao nosso país é completamente marginal.

Hoje é a vez do alfaiate Recurvirostra avosetta.

Quando comecei a ver aves há trinta anos dizia-se que 80% dos alfaiates europeus invernavam em Portugal, principalmente no estuário do Tejo e do Sado.

Actualmente a situação é diferente e a área de invernada estende-se muito mais para norte, sendo França o país com maior população invernante.

No que se refere às populações nidificantes, os três países mais importantes para a espécie são, por esta ordem, a Holanda, a Alemanha, a Espanha e a Dinamarca.

Hoje apresento o ostraceiro Haematopus ostralegus.

Este quadro vem com um formato diferente do anterior, os dados são mais recentes e além disso tem uma coluna simpática a indicar a % da população europeia nesse país.

Verificamos que quadro países (UK, Holanda, Noruega e Alemanha) têm cerca de 80% da população europeia.

De regresso às Sternidae, aqui fica o quadro do garajau-grande Hydroprogne caspia.

Esta espécie nidifica num número reduzido de países europeus, sendo que metade da população nidificante está na Rússia. Outros países importantes são a Finlândia, a Suécia, a Estónia e, mais a sul, a Ucrânia, a Turquia e o Azerbaijão.

Em Portugal existem bastantes recapturas de aves anilhadas na Suécia e na Finlândia, curiosamente elas não seguem a rota atlântica, em vez disso atravessam a Europa Central e depois continuam para oeste pelo Mediterrâneo (talvez isso explique porque é que há tão poucos registos no litoral norte e centro.

Voltamos às limícolas, agora com o pilrito-pequeno Calidris minuta.

Esta espécie nidifica na tundra e por isso a população nidificante está quase toda na Rússia, onde possivelmente há centenas de milhares de casais. Fora desse país temos apenas uns escassos milhares na Noruega e uma população diminuta na Finlândia.

Por acaso é uma espécie difícil de ver na Noruega, muito mais difícil do que temminck.

Já há algum tempo que não mexo neste tópico, hoje venho recuperá-lo para colocar aqui mais uma limícola: o borrelho-grande-de-coleira Charadrius hiaticula.

Esta é mais uma limícola de latitudes boreais e podemos ver que metade da população europeia vem da Islândia e da Gronelândia (110k em 220k) - isto se considerarmos que a Gronelândia faz parte da Europa.

Outros países com populações importantes são a Noruega, a Suécia, a Finlândia e a Rússia.

A população invernante (quadro de baixo) é consideravelmente inferior à nidificante, sugerindo que a maior parte do efectivo nidificante vá invernar nas costas africanas.