Stringers

Já estava o pessoal todo a passar mal com uma Sterna maxima em Tancos quando... A foto do telemóvel de um pescador tinha sido roubada da net.

PNicolau escreveu:Já estava o pessoal todo a passar mal com uma Sterna maxima em Tancos quando... A foto do telemóvel de um pescador tinha sido roubada da net.

Só por curiosidade, onde viste isso??

Basicamente um pescador enviou uma foto ao José Freitas que mostrou ao Gonçalo que me mostrou a mim.. De uma Sterna maxima fotografada no cais de Tancos com um telemóvel.

Rapidamente se descobriu que a foto tinha sido roubada da net (directamente do portal lol), mas simplesmente invertida e com pior qualidade.

Este gajo já tem o selo de stringer. Venha o próximo.

Sim, com pior qualidade e cuidadosamente recortada para não se ver o nome do fotógrafo (neste caso o Rogério).

Lamento o stress causado a todos aqueles a quem passei a informação sem antes ter verificado a fiabilidade da informação (ingenuamente achei que por ser domingo à tarde, a janela de oportunidade seria curta para muitos e que havia toda a vantagem em pôr a informação a circular - e já estava a preparar o mail para a mailing list raridades, quando o Nicolau me alertou para a fraude).

Este episódio serve para lembrar que, embora estas situações sejam relativamente raras, elas acontecem e por isso convém sempre verificar o rigor da informação, especialmente quando vem "de fora".

PNicolau escreveu:Basicamente um pescador enviou uma foto ao José Freitas que mostrou ao Gonçalo que me mostrou a mim.. De uma Sterna maxima fotografada no cais de Tancos com um telemóvel.

Rapidamente se descobriu que a foto tinha sido roubada da net (directamente do portal lol), mas simplesmente invertida e com pior qualidade.

Este gajo já tem o selo de stringer. Venha o próximo.

E esse "gajo" já foi incluído na lista negra???
Podíamos ter, à semelhança de algumas instituições, uma lista de stringers e instituir o prémio de Stringer do ano!!!

Boas... peço desculpa pela situação criada mas o tipo enganou-me bem. Nada fazia supor que pudesse ser "brincadeira". O tipo quando ligou estava na zona de Tancos e editou a foto no telemovel.. confirmou tudo com pormenor. Enfim.. lamentável. Uma vez mais.. um pedido de desculpas a todos

Há pessoal que nao bate nada bem da carola...

João Tomás escreveu:Há pessoal que nao bate nada bem da carola...

Mal da carola bato eu e não invento parvoices como esta.
A maneira como isto foi feito não deixava direito a dúvidas. telefona-me e descreve ave, diz-me que vai ligar os dados para publicar a foto. Estava na zona porque publicou uma serie de fotos lá. Ouvi-o a falar com a filha e com o empregado de um posto de abastecimento (não estava seguramente em casa). Peço ajuda ao Gonçalo, que identifica a ave. Confirmei com ele o local. disse-me para onde a ave tinha voado. Até se ofereceu para ir buscar o barco e tentar encontrá-la. O que é que pode bater errado nisto? a parvoice de um tipo que se lembra de uma ave e diz que a viu..! passa pela cabeça de alguém inventar uma treta destas? a troco de nada? não é observador, não é fotógrafo... porque raio se vai lembrar disto?

Wow... Estou chocado.
Será que ele só te queria meter no barco dele por algum motivo.....?????

PNicolau escreveu:Wow... Estou chocado.
Será que ele só te queria meter no barco dele por algum motivo.....?????

Seguramente que não. Não encontro explicação para tamanha parvoice

PNicolau escreveu:
String é o termo que os observadores de aves anglo-saxónicos empregam ao acto de fabricar registos de aves, notoriamente de aves raras.
Ou seja, um Stringer é quem inventa registos de aves, que nunca ocorreram na realidade.

Isto pode acontecer de diversas formas:
- o observador inventa a ave e o local, e diz que não conseguiu tirar fotos
- o observador mente em relação ao local do registo fotográfico, cuja espécie foi observada noutro país, por exemplo
- o observador altera digitalmente a foto para parecer outra espécie
- o observador inconscientemente identifica mal a espécie, sem ser de propósito, o que fica muito complicado de avaliar quando não há provas. Esta talvez seja a situação mais comum no nosso país
- ...

Podemos acrescentar este:
- o observador inventa a ave e o local e usa uma foto sacada da net

Era bem adicionado..

Eu só apanhei a historia porque o Nicolau e o Gonçalo contactaram-me. quando vi a foto ela pareceu-me familiar, mas não estava a conseguir lembrar-me. Quando pesquisei por sterna maxima a foto apareceu, e entretanto já o Nicolau tinha visto que era a foto do site.

Depois sai, e só agora voltei, e tinha ficado a pensar que seria um caso em que alguém vê uma ave e usa uma foto da net para dizer que vi uma ave igual a esta.

Não tinha apanhado que a foto tinha sido editada, o que indica claro que a pessoa queria enganar.

Continuo na minha, há malta que bate muito mal da carola. Não consigo perceber o que leva uma pessoa a fazer algo do género... ao menos podia tentar dizer "epá acho que observei uma ave igual à da fotografia"! Agora usar uma fotografia de outra pessoa como se fosse dele? Epá... Assim como há livros de caluteiros era de criar mesmo um livro de stringers!!!

Embora entenda os transtornos causados pelas pessoas que "inventam" raridades, confesso que me chateiam mais aqueles que "inventam" observações no dia-a-dia. Que tipo de desequilíbrio faz com que a vontade de somar mais um número à lista, mais uma espécie ao concelho ou o mais um registo incomum ao seu hotspot preferido, se sobreponha ao rigor na identificação?

Apesar de ser em parte off-topic, aproveito para deixar uma questão aos revisores do ebird aqui presentes:
- quando um registo é invalidado por um revisor, porque permanece na lista pessoal do observador? Se esse registo desaparecesse efectivamente, se estas pessoas deixassem de conseguir somar espécies com tais métodos, isso não seria um factor dissuasor destas "criatividades"?

Raposo escreveu:
- quando um registo é invalidado por um revisor, porque permanece na lista pessoal do observador? Se esse registo desaparecesse efectivamente, se estas pessoas deixassem de conseguir somar espécies com tais métodos, isso não seria um factor dissuasor destas "criatividades"?

Porque o revisor pode estar errado.

pedro121 escreveu:

Porque o revisor pode estar errado.

Mas o mesmo se aplica às estatísticas públicas...

Raposo escreveu:Embora entenda os transtornos causados pelas pessoas que "inventam" raridades, confesso que me chateiam mais aqueles que "inventam" observações no dia-a-dia. Que tipo de desequilíbrio faz com que a vontade de somar mais um número à lista, mais uma espécie ao concelho ou o mais um registo incomum ao seu hotspot preferido, se sobreponha ao rigor na identificação?

A mim chateiam-me todo o tipo de invenções!!! Uma coisa é errar a id por falta de experiência, outra é inventar e/ou insistir numa id sem experiência mesmo depois de ser revista por pessoas com experiência.

Raposo escreveu:

pedro121 escreveu:

Porque o revisor pode estar errado.

Mas o mesmo se aplica às estatísticas públicas...

É verdade, mas o eBird preocupa-se com questões também legais e outras. Há vários melhoramentos a fazer na questão dos top, mas passam mais por tornar o sistema mais amigável para quem o usa. Ou seja vai haver uma evolução em termos de quais as especies que podem ser contadas para os totais, mas vai ser voluntário.

João Tomás escreveu:
A mim chateiam-me todo o tipo de invenções!!! Uma coisa é errar a id por falta de experiência, outra é inventar e/ou insistir numa id sem experiência mesmo depois de ser revista por pessoas com experiência.

As pessoas com experiência também se enganam, alias toda a gente se engana, dai o sistema estar a evoluir para mais gente poder intervir nas revisões, os Super-eBirders já podem mandar registos com fotos para revisão, e esse será um caminho a seguir

Certamente que todos se enganam (então eu...), a minha crítica vai no sentido dos "erros" propositados e das identificações "a martelo"...

Quanto ao caminho do ebird, entendo que não queiram entrar em choque com os utilizadores, mas assim há uma permissividade a abusos.

Raposo escreveu:Certamente que todos se enganam (então eu...), a minha crítica vai no sentido dos "erros" propositados e das identificações "a martelo"...

As identificações a martelo serão sempre um problema, mas no fundo quem é que sai prejudicado? o observador que as faz! depois de ganhar a fama nunca mais se livra dela.

pedro121 escreveu:As identificações a martelo serão sempre um problema, mas no fundo quem é que sai prejudicado? o observador que as faz! depois de ganhar a fama nunca mais se livra dela.

Pois, é bem verdade...

pedro121 escreveu:As pessoas com experiência também se enganam, alias toda a gente se engana, dai o sistema estar a evoluir para mais gente poder intervir nas revisões, os Super-eBirders já podem mandar registos com fotos para revisão, e esse será um caminho a seguir

Sem dúvida Pedro. Estamos todos os dias a aprender há é uns que não querem aprender e querem insistir em ser stringers!!

O problema não são os dados no eBird, o mais chato no eBird são os utilizadores que estão sempre a fazer erros que os filtros não apanham, envolvendo identificações erradas de espécies comuns.

Papa-figos e Pica-paus identificados só pela vocalização por exemplo, trocarem os andorinhões, toda a questão dos estorninhos, toda as identificações de felosas que são feitas as vezes sem cuidado por observadores experientes, eu incluindo.

etc...

Isso sim é complicado e perigoso porque estabelece um falso padrão de ocorrência e depois tentar perceber qual o trigo e qual o joio é muito complicado.

Qual é o meu problema mais recente? Listas na Lagoa de Óbidos com Limosa limosa no inverno, até aqui tudo bem, é possível, o problema é que parte delas não tem Fuselo, bom, alguém ir à lagoa e ver Lim lim no inverno é possível, já aconteceu, também é possível alguém ir à lagoa e não ver Fuselos, o que é difícil é ver Lim lim sem ver fuselos! A questão é que eu construí o filtro para Lim lim levando em linha de conta estas listas sem fuselos, e agora tenho os registos todos encravados durante o período de inverno.

E o mesmo é verdade para muitas outras espécies, a partir do momento em que um falso padrão aparece é depois muito complicado contrariar o mesmo.

Mas pronto, isto não tem nada a ver com stringers. São erros honestos.