Atlas das aves nidificantes

Boa tarde,

Imagino que a situação de urgência nacional e, com fortes limitações a deslocações pelo país vá comprometer a época de campo do Atlas para este ano...

Abraço,

L

True story.

Boa noite a todos,

Transcrevo em baixo a notícia da SPEA sobre o impacto do COVID-19 e os censos, que incluem o Atlas (ver em baixo, p.f.; original disponível AQUI).
O trabalho de campo do Atlas é mais uma actividade fortemente condicionada pelo Covid-19.

Pedro Cardia
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Covid-19 e censos de primavera

Tendo em consideração a situação atual da COVID19 em território nacional e a declaração do estado de emergência, a SPEA recomenda a todos os seus colaboradores e associados que sigam as orientações das autoridades, nomeadamente no sentido de reduzirem a sua mobilidade e o contacto social.

Deste modo, recomenda-se especificamente que os colaboradores de censos e contagens organizados pela SPEA (CAC, Atlas das Aves Nidificantes, Noctua, Dias RAM, etc.) adiem as suas saídas de campo, pelo menos durante o período que vigorar o Estado de Emergência, e reduzam a sua mobilidade ao máximo, de acordo com as recomendações governamentais. No entanto, isto não significa que deixemos de observar e registar aves. Podem continuar a fazê-lo a partir das vossas casas, janelas e varandas, assim como durante os curtos  passeios efetuados para manter a forma.

Salientamos que esta é uma oportunidade para submeter as suas observações ornitológicas na plataforma PortugalAves/eBird e mesmo colocar em dia observações mais antigas ainda não submetidas, e continuar a contribuir para projetos como o Atlas das Aves Nidificantes, mediante a inclusão de códigos de nidificação nas observações de anos anteriores.

Conselhos específicos para os colaboradores dos programas de monitorização:

   •    CAC: recomenda-se o adiamento das saídas de campo para o mês de maio. Para já, mantém-se a possibilidade da realização de duas voltas, espaçadas em 3 ou 4 semanas, adiando-se o termo da época do CAC para o dia 10 de Junho;

   •    NOCTUA: recomenda-se que os colaboradores adiem a próxima ida ao campo, para coincidir com o período da terceira visita (1 maio a 15 junho);

   •    ATLAS DAS AVES NIDIFICANTES: as saídas de campo para as quadrículas de monitorização devem ser adiadas para o mês de maio. Todos os observadores podem continuar a contribuir com observações não-sistemáticas com registos das evidências de nidificação;

   •    DIAS RAM: A contagem do mês de abril será cancelada, mantendo-se para já, a previsão de contagem do mês de maio.

Outros censos/contagens ou dúvidas: por favor, contacte diretamente o coordenador responsável do censo, para eventuais informações específicas a ter em conta.

A SPEA continua e continuará empenhada em desenvolver a sua principal missão, de Estudar e Conservar as Aves e os seus Habitats, assim como de promover a observação de aves e participação pública nos seus projetos, estando focada neste momento em dar o seu contributo para o bem comum, reforçando a importância de nos mantermos a nós e aos outros seguros.

Iremos ainda promover, ao longo das próximas semanas, atividades dirigidas à comunidade de observadores e sócios, proporcionando novos desafios a quem tem agora um maior tempo de permanência nas suas residências, enquanto trabalhamos juntos para a proteção e conservação da avifauna. Convidamo-lo a juntar-se a nós no Grupo de Facebook "Contagens de aves em Portugal" onde divulgaremos as novidades e sugestões.

Agradecemos a vossa compreensão

Nota: De acordo com o evoluir da situação, e tendo em conta as recomendações do governo, a SPEA irá atualizando esta informação.

pedrocardia escreveu:   •    CAC: recomenda-se o adiamento das saídas de campo para o mês de maio. Para já, mantém-se a possibilidade da realização de duas voltas, espaçadas em 3 ou 4 semanas, adiando-se o termo da época do CAC para o dia 10 de Junho;

(...)

   •    ATLAS DAS AVES NIDIFICANTES: as saídas de campo para as quadrículas de monitorização devem ser adiadas para o mês de maio. Todos os observadores podem continuar a contribuir com observações não-sistemáticas com registos das evidências de nidificação;

Isto faz-me um bocado de confusão. Se este ano os dados do CAC podem ser aceites até 10 de Junho, há alguma razão para que nos outros anos não possam ser aceites também?

Quanto ao atlas, não percebi se é suposto fazer as duas voltas em Maio, mas se é esse o caso, a mesma questão se aplica: se isso pode ser feito este ano, porque é que isso não pode ser executado dessa forma nos outros anos também?

Independentemente destas considerações, a notícia transcrita parte do princípio de que em Maio já se vai andar a poder circular livremente, mas pode muito bem acontecer que a situação que vivemos se prolongue até lá e nesse caso o que se vai fazer? Prolonga-se os trabalhos de campo até Julho?

Eu compreendo que as restrições decorrentes da situação que vivemos coloquem fortes restrições à recolha de informação, o que não percebo tão bem é que a pretexto do COVID se aceite flexibilizar a metodologia, ficando os dados necessariamente enviesados... em termos científicos isso tem muito que se lhe diga...

Olá Gonçalo,

Gonçalo Elias escreveu:

pedrocardia escreveu:   •    ATLAS DAS AVES NIDIFICANTES: as saídas de campo para as quadrículas de monitorização devem ser adiadas para o mês de maio. Todos os observadores podem continuar a contribuir com observações não-sistemáticas com registos das evidências de nidificação;

Quanto ao atlas, não percebi se é suposto fazer as duas voltas em Maio, mas se é esse o caso, a mesma questão se aplica: se isso pode ser feito este ano, porque é que isso não pode ser executado dessa forma nos outros anos também?

A ideia não é fazer as duas voltas em Maio mas sim adiar para Maio todas as saídas de campo no âmbito do Atlas.
A metodologia já foi alterada o ano passado: cada quadrícula pode ser alvo de apenas uma visita sistemática se esta for feita após 15 de Abril; nos territórios acima de 1000m de altitude as visitas sistemáticas únicas devem ser feitas apenas após 1 de Maio.

Visitas múltiplas: não há nenhum impedimento à realização de 2, 3, n voltas (= repetições) das visitas sistemáticas a uma quadrícula.
Mas esse esforço é ainda mais valioso se for dirigido a qaudrículas não-visitadas ou visitadas de forma incompleta.

Gonçalo Elias escreveu:Independentemente destas considerações, a notícia transcrita parte do princípio de que em Maio já se vai andar a poder circular livremente, mas pode muito bem acontecer que a situação que vivemos se prolongue até lá e nesse caso o que se vai fazer? Prolonga-se os trabalhos de campo até Julho?

Julho no Norte e/ou em altitude é um mês perfeitamente razoável para fazer Atlas.
Mas o problema é muito mais geral e está dependente da dinâmica da pandemia ao longo do tempo.
à data de hoje é plausível pensar que o ano de 2020 não vá poder ter época de campo do Atlas.

Gonçalo Elias escreveu:Eu compreendo que as restrições decorrentes da situação que vivemos coloquem fortes restrições à recolha de informação, o que não percebo tão bem é que a pretexto do COVID se aceite flexibilizar a metodologia, ficando os dados necessariamente enviesados... em termos científicos isso tem muito que se lhe diga...

Não houve nenhuma alteração da metodologia devido ao SARS-CoV-2.

Pedro Cardia

pedrocardia escreveu:Julho no Norte e/ou em altitude é um mês perfeitamente razoável para fazer Atlas.

Entendo o raciocínio, mas nota que mesmo no norte há muitas zonas que são já demasiado quentes em Julho (por exemplo a terra quente transmontana). E de qualquer forma a maior parte do país não está em zonas de altitude. No Alentejo, e pela minha experiência, eu diria que depois de 15 de Junho os dados são já de qualidade inferior pois a detectabilidade das aves é muito menor.

pedrocardia escreveu:Não houve nenhuma alteração da metodologia devido ao SARS-CoV-2.

No atlas talvez não, no CAC pelo que percebi, houve (ao empurrar as datas mais para a frente). Isto vai ter implicações na detectabilidade das aves, o que por sua vez tem implicações na abundância e consequentemente nas conclusões que daí se irão retirar. Era a isto que me referia...

Gonçalo Elias escreveu:

pedrocardia escreveu:Julho no Norte e/ou em altitude é um mês perfeitamente razoável para fazer Atlas.

Entendo o raciocínio, mas nota que mesmo no norte há muitas zonas que são já demasiado quentes em Julho (por exemplo a terra quente transmontana). E de qualquer forma a maior parte do país não está em zonas de altitude. No Alentejo, e pela minha experiência, eu diria que depois de 15 de Junho os dados são já de qualidade inferior pois a detectabilidade das aves é muito menor.

pedrocardia escreveu:Não houve nenhuma alteração da metodologia devido ao SARS-CoV-2.

No atlas talvez não, no CAC pelo que percebi, houve (ao empurrar as datas mais para a frente). Isto vai ter implicações na detectabilidade das aves, o que por sua vez tem implicações na abundância e consequentemente nas conclusões que daí se irão retirar. Era a isto que me referia...

Só uma nota: na parte mais norte, sobretudo nas zonas que fazem fronteira a norte até em Julho é útil fazer Atlas. Tanto no PNPG como no PNM fiz muitas quadrículas nos respectivos atlas locais e, muitas espécies estão a nidificar nessa altura apesar de já haver movimentos dispersivos. Mas claro, na terra quente transmontana e, mesmo nos vales mais cavados noutras áreas já pode ser muito tarde. De qualquer maneira parece-me evidente que há um grande risco de este ano não ser suficiente para completar o atlas...

pedrocardia escreveu:   •    ATLAS DAS AVES NIDIFICANTES: as saídas de campo para as quadrículas de monitorização devem ser adiadas para o mês de maio. Todos os observadores podem continuar a contribuir com observações não-sistemáticas com registos das evidências de nidificação;

Neste momento ainda não é claro se em Maio vai haver condições para realizar os trabalhos de campo normalmente.

Face a estas incertezas, seria interessante saber o que é que a coordenação pensa fazer relativamente ao futuro deste projecto.

Sim, acho que ainda há alguma esperança para o Norte, pois na generalidade a época prolonga-se até mais tarde, mas para muitas das zonas sobretudo no litoral poderá haver condicionamentos. Todavia e, sobretudo para o Sul a campanha está muito comprometida, pois ficou reduzida a metade.

@pedrocardia: quando tiveres oportunidade, seria interessante um ponto de situação actualizado acerca do atlas.

Bem entretanto o Pedro Cardia já não está ligado ao atlas, o novo coordenador é o Luís Gordinho.

Os trabalhos de campo irão prolongar-se até 2021.

Não sei quando é que o atlas irá estar publicado, mas a julgar pela experiência de projectos anteriores eu não espero que o livro esteja disponível antes de Junho de 2025.

conspicillata escreveu:Boas,

sim o atlas europeu usa a UTM 50x50km independentemente se a informação é reportada à escala 10x10 em UTM ou ETRS89. E realmente há a intenção de tornar a ETRS à escala europeia como a quadrícula oficial.

No caso do atlas optou-se por seguir essa indicação, pois alguns dos relatórios para a comissão europeia (como a revisão da directiva aves) são obrigatoriamente em ETRS e estando a informação de base já nesse sistema evita os erros de passagem entre sistemas e torna o processo mais rápido.

abraço
Carlos

Desde que surgiu o terceiro atlas nacional que expressei aqui a minha estranheza relativamente à mudança de grelha de UTM para ETRS.

Entretanto ontem foi apresentado oficialmente o terceiro atlas espanhol de nidificantes (2014-2018) e olhando para os mapas fica imediatamente evidente que mantiveram a utilização de UTM, o que obviamente facilita muito as comparações com o atlas anterior - além de que o país não fica "torto", uma vez que a grelha UTM segue de forma aproximada os meridianos.

O atlas europeu, que foi publicado no final de 2020, também manteve UTM.

Estou com aquela estranha sensação de que Portugal foi o único país a aderir a esta grelha ETRS...

Pois, tenho alguma curiosidade em ver como e a comparação entre os dois mapas (UTM e ETRS), porque certamente não é linear a comparação.
Acho que está decisão, no que toca à alteração da quadrícula, foi a burocracia a vencer a lógica. E lá embarcamos... Agora temos 3 atlas, três grelhas e comparações no mínimo questionáveis

Alguém sabe o que se passa com este atlas?! Há alguma previsão de quando será publicado?

Flávio Oliveira escreveu:Alguém sabe o que se passa com este atlas?! Há alguma previsão de quando será publicado?

Relativamente à data de publicação, a única informação oficial que tenho é a que consta do convite que me foi dirigido em Fevereiro de 2022 para escrever alguns textos, e que a seguir transcrevo:

O 3.º Atlas será referente ao período 2015-2021 (7 anos de campo) e, devido aos compromissos que existem com os financiadores (POSEUR e Fundo Ambiental), terá que ser lançado no final de abril de 2022.

Não tenho qualquer informação mais recente (nem oficial nem sem ser oficial) sobre uma alteração da data de lançamento, portanto presumo que o prazo indicado continue em vigor, ou seja, terá de ser lançado até final de abril... do ano passado

Posso acrescentar que a 24-11-2022 enviei as versões finais revistas dos últimos textos que fiz e eu já era dos últimos. Passaram quase 5 meses. O Livro Vermelho também não há meio de sair. Não tarda tem que ser novamente revisto

Flávio Oliveira escreveu:Alguém sabe o que se passa com este atlas?! Há alguma previsão de quando será publicado?

Há cerca de um mês e meio enviei email à SPEA a questionar sobre o lançamento do novo atlas e foi-me respondido que "O III Atlas está concluído e a sua apresentação pública será feita em conjunto com a atualização da Lista Vermelha das Aves. Estão a ser ultimados detalhes e só depois será anunciada a apresentação pública dos dois trabalhos."

É como diz o Carlos, em breve tanto o atlas como o livro vermelho serão fontes de informação obsoletas.