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As aves dos Açores vistas da região Neárctica

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As aves dos Açores vistas da região Neárctica Empty As aves dos Açores vistas da região Neárctica

Mensagem por Luis Gordinho Sex Jan 16, 2009 7:16 am

Caros Membros do Fórum,

Publiquei ontem na revista Birding um artigo principal sobre as aves dos Açores na perspectiva do ornitólogo norte-americano. Divulgo-o aqui porque essa revista é pouco lida pelos observadores de aves europeus.
No artigo, o número de registos efectuados nos Açores das diferentes espécies de aves divagantes provenientes do continente Europeu é utilizado como um indicador das espécies que mais provavelmente poderão vir a aparecer na costa leste da América do Norte.
Para complementar o artigo principal publicado em papel na revista, existe um segundo artigo disponível apenas na Internet (“WebExtra”). Neste é apresentado um “estudo de caso” onde se particularizam os aspectos gerais discutidos no artigo principal. Concretamente, descreve-se em detalhe o primeiro registo da gaivota de Audouin nos Açores e relaciona-se esse registo e as circunstâncias em que poderá ter ocorrido com a probabilidade de ocorrência futura da espécie na América do Norte.
O artigo principal e o complemento encontram-se disponíveis no portal Pluridoc (www.pluridoc.com/Site/FrontOffice/default.aspx?Module=Files/FileDescription&ID=3143&lang=pt) e no sítio da American Birding Association (www.aba.org/birding/archives.html).
A revista americana Birding é a publicação bimensal sobre ornitologia de campo da American Birding Association. A respectiva tiragem é três vezes superior à das principais revistas técnicas europeias da mesma área, como British Birds ou Birding World.

Um resumo do artigo principal pode ser lido abaixo:

As aves dos Açores na perspectiva do ornitólogo norte-americano

O arquipélago dos Açores é bem conhecido do observador de aves europeu pelo elevado número de espécies norte-americanas que aí têm aparecido ao longo dos anos. O “reverso da medalha”, ou seja, as aves do Velho Mundo que divagam para ocidente até aos Açores, tem sido sistematicamente ignorado. Neste artigo, o número de registos efectuados nos Açores das diferentes espécies de aves divagantes provenientes do continente Europeu é encarado como um indicador das espécies que mais provavelmente poderão vir a aparecer na costa leste da América do Norte.
Para esse efeito, as 324 espécies de aves registadas nos Açores até 2007 (excluindo exóticas não naturalizadas) foram divididas em espécies residentes (sedentárias) e espécies que realizam movimentos dispersivos ou migratórios. A situação nos Açores das espécies da segunda categoria que não ocorrem regularmente na América do Norte é analisada em detalhe. Estas são classificadas em quatro sub-categorias, de acordo com o tipo de ocorrência na América do Norte: Casual, Acidental, Prevista e Não Prevista.
A análise efectuada parece confirmar previsões anteriores, segundo as quais a gaivota-de-cabeça-preta (Larus melanocephalus) e a gralha-preta (Corvus corone) deverão estar entre as próximas espécies europeias a serem registadas na América do Norte. Adicionalmente, os nossos dados sugerem que a probabilidade de outras três espécies ocorrerem em breve na região Neárctica não é menor. São elas a felosa-comum (Phylloscopus collybita), o colhereiro (Platalea leucorodia) e a garça-pequena (Ixobrychus minutus).
Globalmente, pelo menos 96 das 288 espécies não nidificantes dos Açores devem ser oriundas do continente Europeu (>33%). As circunstâncias em que estas espécies europeias divagam até aos Açores são brevemente discutidas, dando-se ênfase a fenómenos como a deriva durante a migração, a sobre-migração, a associação a correntes marítimas e à frota pesqueira e a divagância assistida por barcos. Também são feitas algumas especulações em torno dos mecanismos através dos quais as mesmas espécies poderiam alcançar a América do Norte. No caso dos patos, garças e limícolas coloca-se a hipótese de espécies europeias acompanharem espécies neárcticas do mesmo grupo de regresso à área de origem destas.
Finalmente, com base em dados meteorológicos e fenológicos, conclui-se serem o Outono e o Inverno as alturas em que é mais provável que aves europeias divaguem até aos Açores. Em paralelo, com base em dados geográficos e fisiográficos, coloca-se a hipótese da Ilha de Santa Maria vir a ser uma espécie de Meca para os “caçadores” de aves europeias raras nos Açores.”

Espero que gostem e lamento se receberem esta mensagem por várias vias. Os meus melhores cumprimentos,

Luís Gordinho
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