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Gypaetus Barbatus / Projecto de reintrodução nos Alpes

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Gypaetus Barbatus / Projecto de reintrodução nos Alpes Empty Gypaetus Barbatus / Projecto de reintrodução nos Alpes

Mensagem por Morais Seg Set 07, 2009 9:21 am

O Brita-ossos, Gypaetus Barbatus, é um grande abutre presente na Europa, Àsia e África, distribuído entre os paralelos 30 e 50, com a subespécie Meridionnalis, ligeiramente mais pequena, a ocorrer no sudeste de África. Tem uma envergadura que pode atingir 2,85 metros e uma longevidade de 30 anos em liberdade ou 48 registados em cativeiro. Caracteriza-se por ser o último dos abutres a banquetear-se numa carcaça, sendo a sua dieta constituída em grande parte por ossos, e apenas numa percentagem inferior a 30% em carne, pele e tendões. Ocorreu em Portugal até finais do séc. XIX (2 ind. mortos no Guadiana), tendo as perseguições e envenenamentos conduzido à sua extinção nos Alpes no início do séc. XX e nas serras do Sul de Espanha no início dos anos 70, passando a ocorrer (na Europa ocidental) apenas nos Pirenéus (100 casais) Córsega e Creta (população residual).
Extinta esta espécie nos Alpes, logo em 1922 se falava na sua reintrodução. Em 1972, todas as espécies de rapaces passaram a ser protegidas em França, estando nos restantes países do arco alpino criadas também as condições para a sua reintrodução. Em 1982, um projecto inicial de reintrodução com recurso a aves importadas do Afeganistão conduziu a um rotundo fracasso, mas que permitiu aprender com os erros e criar condições para o relançamento de um novo, com base em aves reproduzidas em cativeiro. O centro de reprodução de Viena, aliado a outros centros e a alguns Zoo’s europeus iniciou um ambicioso mas bem sustentado programa de reprodução, não isento de dificuldades iniciais. Em 1986 4 aves jovens foram libertadas na Áustria, seguida da França (1987, Haute-Savoie), Suíça (1991) e Itália (1993). A taxa de sobrevida foi surpreendentemente alta e em 1997, finalmente, nasceu de novo um Gypaetu em liberdade e baptizado de “Phenix”. Entre 1982 e 2008, 156 jovens Quebra-ossos foram libertados nos Alpes, permitindo assim reforçar as populações nascidas em liberdade, ligar os vários parques naturais onde ocorreram as libertações, fechar o arco alpino e pensar até, a médio prazo, em trocas genéticas com a população dos Balcãs, também a atravessar dificuldades. Neste momento, decorre um projecto idêntico de reintrodução nas serras de Carzola e Jaen, no sul de Espanha. Por fim um alerta: um jovem Gypaetu, em dispersão, foi observado na Holanda, antes de ser seguido por GPS de novo até aos Alpes. Quem sabe se um dia destes não nos aparece por aí um jovem libertado em Cazorla. Pestana bem aberta nessas escarpas rochosas.
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Mensagem por Gonçalo Elias Seg Set 07, 2009 11:37 am

Interessante, de facto.

O único registo de que há conhecimento em Portugal diz respeito a 2 indivíduos abatidos pelo rei D. Carlos junto ao rio Guadiana no século XIX.

Estes dois exemplares encontram-se actualmente no Museu de Coimbra (ver aqui).
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Gypaetus Barbatus / Projecto de reintrodução nos Alpes Empty Entre 1900 e 1940 ainda existia na fronteira portuguesa

Mensagem por Morais Ter Set 08, 2009 4:34 am

Os únicos registos existentes em Portugal correspondem aos exemplares mencionados pelo Gonçalo Elias. No entanto, existe registo, em Espanha, de casais de quebra-ossos em duas zonas fronteiriças a Sul, ainda entre 1900 e 1940, concretamente na região da barragem da Chança (Mértola) e na fronteira de Barrancos. Esta última zona, junto ao pico de Aroche (712 metros) está hoje dentro do "Parque Natural da Serra de Aracena" que se estende precisamente até à fronteira. Em breve colocarei um novo Post sobre a situação passada e actual da espécie na Andaluzia, onde se insere esta informação.
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Gypaetus Barbatus / Projecto de reintrodução nos Alpes Empty Zoo's

Mensagem por Morais Ter Set 15, 2009 2:45 am

A propósito deste projecto, deixo uma reflexão pessoal: sempre fui muito céptico e negativo quanto à utilidade e razão de ser dos zoo's. Especialmente em Portugal, onde é mais fácil abrir um zoo particular ou regional, do que um alimentador de Abutres, como já alguém disse. Com este projecto de reintrodução nos Alpes do Brita-ossos, mudei radicalmente de opinião. Além dos centros de reprodução ligados a parques naturais e a organizações ambientais, os zoo's tiveram um papel decisivo na cedência de exemplares e mesmo de reprodução e libertação de Gypaetus. Um trabalho meritório, que me fez mudar de opinião. Um abraço a todos
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Mensagem por pedro121 Ter Set 15, 2009 3:20 am

Boas

Com o aumento da população espanhola será uma questão de tempo até que apareça em Portugal algum juvenil em dispersão Smile Alentejo? Ou em Sagres?

Quanto ao papel dos Zoos, eu sempre considerei que o seu papel em projectos de reintrodução era fundamental, não só no fornecimento de exemplares mas também no caso de se proceder á criação em cativeiro no local para posterior libertação ou em caso de troca de ovos/crias para combater o isolamento genético de populações isoladas é nos Zoos que se pode adquirir o conhecimento para a reprodução das espécies em causa (se bem que nalguns casos os criadores particulares tem obtido mais sucesso a Arara spix é um caso em que a taxa de sucesso reprodutor é mais elevada em particulares do que em zoos), o importante é reconhecer que a reprodução em cativeiro é uma ferramenta importante na recuperação de algumas espécies.
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