Reflexões de um novato (e autodidata) - o e-bird...

pedro121 escreveu:

Francisco Pires escreveu:

Aqui é que não entendo: as espécies vistas num dado ano, se não estiverem no eBird não contam para o indicador "Top 100" do eBird desse ano. Sejam elas do Corvo ou de Freixo-de-Espada-à-Cinta! Ou estou enganado?

Porque não estão no eBird, imagina, tens um observador que esteve 4 semanas no Corvo, viu 20 espécies em 2014 que mais ninguém viu, e que portanto não estão no eBird, um belo dia faz uma lista e a % do 1º vai baixar porque essas espécies não foram vistas pelo observador nº 1, passados uns dias o revisor invalida a lista porque é uma lista para 3 semanas, sobe a %, uns dias depois o observador do Corvo parte a lista em varias e a % volta a descer, mas depois vê-se que trocou fotos e algumas fotos são assinaladas e a % sobe.

No decorrer de tudo isto o nº de espécies vistos pelo observador que ficou em 1º está constante.

O cenário é um obvio exagero, mas tudo o que descrevi acontece, e causa uma variação pequena mas constante na %

Sim, mas isso resulta da "natureza" dos numeros relativos. Obviamente, pegando no teu exemplo, se em 2014 um dado observador registar 20 espécies válidas ainda não reportadas, significa que houve/havia mais 20 espécies possíveis de serem observadas. Todos os observadores verão a sua "% do total" diminuir e, esse observador, subir.
Esta inconstância da % não é mais que a inconstância do número a considerar para o total de espécies possíveis de serem observadas em Portugal, num dado ano. Algumas das causas desta inconstância foram por ti ilustradas no exemplo do Corvo, mas há mais. Assumo que nos outros países seja a mesma coisa.

Mas, apesar disto tudo, e voltando ao tema proposto pelo Bruno Morais, considero que o valor relativo "(% do total)" é um indicador mais fiel para estudos comparativos da evolução da intensidade utilização da plataforma ano a ano emtre duas ou mais regiões.

Francisco Pires escreveu:
Gonçalo,
Só me dás razão! Além de depender, ou se servir, do esforço feito por outros ebirders, serve-se também das observações que lhe interessam divulgadas por quem não usa o eBird!
É, portanto, muito, muito questionável que a posição da pessoa que está em primeiro num dado ano não dependa do esforço de mais ninguém.

Penso que estamos a falar de "esforços" diferentes.

Uma coisa é fazer esforço direccionado para procurar raridades.
Outra coisa muito diferente é fazer um esforço para inserir informação no eBird, independentemente de serem aves raras ou não.

O tópico começou por se focar neste segundo aspecto, só viemos parar às raridades quando se começou a analisar o ranking do primeiro classificado do ano.

O que eu digo, e mantenho, é que a posição do primeiro classificado diz muito pouco sobre o uso global da plataforma.

Francisco Pires escreveu:
Pergunto:
- Porque será que muitos dos registos que essa pessoa inseriu foram casuais?
- Serão todas essas "casualidades" devidas a um grande esforço pessoal para localizar a ave, ou uma boa parte delas por ter ido ao spot, que alguém indicou, apenas para "catar a raridade" ou a espécie que ainda lhe faltava para fazer o número?

Não posso responder por ele, posso apenas fazer suposições: daquilo que tomei conhecimento, a prioridade desse observador era ver o maior número possível de espécies no ano, e não inserir listas completas no eBird. Por isso inseriu maioritariamente registos casuais e, em certos casos, com uma única espécie, que era aquela que lhe interessava adicionar.

Tenho a sensação de que neste caso o eBird foi usado como ferramenta para conseguir um objectivo: ficar em primeiro no ranking. É uma utilização perfeitamente legítima, até porque é o próprio eBird que incentiva esta componente da competição. Mas parece-me que não podemos fazer qualquer tipo de extrapolações acerca da comunidade só com base naquilo que fez o observador que ficou em primeiro lugar.

O tópico começou assim:

Francisco Pires escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:
.... . Ou seja, o top 1 depende unicamente do esforço de uma pessoa em particular e não depende do desempenho dos 99 observadores seguintes.

Gonçalo,
Não entendo o teu ponto. Podes p.f. explicar melhor esta independência do "top 1" relativamente aos "top 99" seguintes?

Agora está assim:

Gonçalo Elias escreveu:

Francisco Pires escreveu:
Gonçalo,
Só me dás razão! Além de depender, ou se servir, do esforço feito por outros ebirders, serve-se também das observações que lhe interessam divulgadas por quem não usa o eBird!
É, portanto, muito, muito questionável que a posição da pessoa que está em primeiro num dado ano não dependa do esforço de mais ninguém.

Penso que estamos a falar de "esforços" diferentes.

Uma coisa é fazer esforço direccionado para procurar raridades.
Outra coisa muito diferente é fazer um esforço para inserir informação no eBird, independentemente de serem aves raras ou não.

O tópico começou por se focar neste segundo aspecto, ...

Se no início te referias ao "esforço para inserir informação no eBird,..", então, sem dúvida, todos dependem apenas de si e o sr. La Palice não diria melhor. Peço-te desculpa, mas é assim que eu leio aquela afirmação.

Gonçalo Elias escreveu:

Francisco Pires escreveu:
Pergunto:
- Porque será que muitos dos registos que essa pessoa inseriu foram casuais?
- Serão todas essas "casualidades" devidas a um grande esforço pessoal para localizar a ave, ou uma boa parte delas por ter ido ao spot, que alguém indicou, apenas para "catar a raridade" ou a espécie que ainda lhe faltava para fazer o número?

Não posso responder por ele, posso apenas fazer suposições: daquilo que tomei conhecimento, a prioridade desse observador era ver o maior número possível de espécies no ano, e não inserir listas completas no eBird. Por isso inseriu maioritariamente registos casuais e, em certos casos, com uma única espécie, que era aquela que lhe interessava adicionar.

Tenho a sensação de que neste caso o eBird foi usado como ferramenta para conseguir um objectivo: ficar em primeiro no ranking. ...

Também tenho essa sensação.

O tópico até começou por "então a malta anda a fotografar, mas não usa o eBird?!"
Daí evoluiu para uma análise da comunidade de birdwatchers e birdphotographers que usam estas plataforma. De onde resultou uma tentativa de comparação entre as comunidades portuguesa e espanhola. Desta, apareceram vários dados, incluindo estes gráficos com o top-100. E dos gráficos seguem duas conversas paralelas e que produzem ruído uma na outra.

Eu vinha só dizer que me entretive a fazer gráficos para outros países/regiões (para evitar trabalho a sério que aqui tenho por começar)..
Estão aqui: .

Touché!

Bruno Morais escreveu:O tópico até começou por "então a malta anda a fotografar, mas não usa o eBird?!"
Daí evoluiu para uma análise da comunidade de birdwatchers e birdphotographers que usam estas plataforma. De onde resultou uma tentativa de comparação entre as comunidades portuguesa e espanhola. Desta, apareceram vários dados, incluindo estes gráficos com o top-100. E dos gráficos seguem duas conversas paralelas e que produzem ruído uma na outra.

Eu vinha só dizer que me entretive a fazer gráficos para outros países/regiões (para evitar trabalho a sério que aqui tenho por começar)..
Estão aqui:

https://aves.forumeiros.com/t32863-comunidades-ebird-em-varios-paises-regioes-evolucao-vista-pelo-ebird

.

Podes mudar o nome para "divagações sobre o eBird em Portugal"

Nota que é normal nestes tópicos isto acontecer, se algum dia tiveres curiosidade para ler uma maratona argumentativa recomendo este:

https://aves.forumeiros.com/t1491-sacarrao-e-soares-vs-costa?highlight=sacarr%C3%A3o+e+costa

Francisco Pires escreveu:Se no início te referias ao "esforço para inserir informação no eBird,..", então, sem dúvida, todos dependem apenas de si

Em termos absolutos sim. Em termos relativos não, porque aí vais depender da informação inserida por outros membros da comunidade.

Aliás eu considero que o número de espécies é um indicador muito imperfeito no que diz respeito ao uso da plataforma, porque como já referi há / já houve casos de pessoas que usam a plataforma principalmente para inserir registos de espécies raras ou que sejam novas para a sua lista pessoal ou anual.

Daí que eu me tenha focado no número de listas completas, ou de fotos, pois penso que essas métricas dão uma ideia melhor do nível de utilização da plataforma.

Gonçalo Elias escreveu:

Francisco Pires escreveu:Se no início te referias ao "esforço para inserir informação no eBird,..", então, sem dúvida, todos dependem apenas de si

Em termos absolutos sim. Em termos relativos não, porque aí vais depender da informação inserida por outros membros da comunidade.

Aliás eu considero que o número de espécies é um indicador muito imperfeito no que diz respeito ao uso da plataforma, porque como já referi há / já houve casos de pessoas que usam a plataforma principalmente para inserir registos de espécies raras ou que sejam novas para a sua lista pessoal ou anual.

Daí que eu me tenha focado no número de listas completas, ou de fotos, pois penso que essas métricas dão uma ideia melhor do nível de utilização da plataforma.

Percebo a ideia mas não concordo muito (mas também não discordo totalmente). Depende muito da maneira que cada um tem de observar aves... até podem estar relacionadas as duas métricas. Até se pode dar o caso de inserirem várias listas enquanto procuram uma raridade e não verem nenhuma espécie nova para o ano sequer (quando a outra hipótese passava por não irem observar aves nesse dia). Há de tudo um pouco. E uma amostragem de 100 pessoas já dá para ter uma ideia.

Gonçalo Elias escreveu:

Daí que eu me tenha focado no número de listas completas, ou de fotos, pois penso que essas métricas dão uma ideia melhor do nível de utilização da plataforma.

Eu concordo, que há indicador objectivo que ainda por cima é a função principal da plataforma (listas completas), é esse que deve ser usado.