Reflexões de um novato (e autodidata) - o e-bird...

Gonçalo Elias escreveu:Para perceber melhor as variações no número de listas dei-me ao trabalho de analisar, distrito a distrito, a forma como evoluiu o número de listas nos últimos 5 anos.

Apenas considerei listas completas (ou seja excluí as casuais e outras listas incompletas).

Como isto dá algum trabalho apenas fiz para o mês de Julho - podia ter escolhido outro qualquer mas escolhi este.

Os resultados estão no quadro abaixo. Conclusões gerais:
- o número de listas em 2022 diminuiu face a 2021 em quase todos os distritos do país - excepto Aveiro, Lisboa, Viseu e ilhas
- em termos nacionais, a diminuição face ao ano anterior foi de 5% mas se considerarmos só o continente essa diminuição foi de 12,5%, já que nas ilhas aumentou 84%
- a diminuição foi mais acentuada no norte, tendo o total de listas nessa região diminuído 35% face ao ano anterior

- se compararmos com a média dos quatro anos anteriores (2018 a 2021) houve uma diminuição em seis distritos, sendo particularmente expressiva em Vila Real
- as regiões onde o aumento foi maior percentualmente face à média dos quatro anos anteriores são: Aveiro, Portalegre, Viseu e Madeira
- em termos globais, o distrito de Lisboa e as ilhas têm vindo a ganhar importância relativa e representam actualmente um terço das listas do país (em 2018 representavam um sexto)

Oportunamente farei para outro mês para ver se as conclusões são semelhantes.

Ora. estou a acompanhar o post com interesse e de momento não consigo alongar-me com a minha opinião mas vai muito de encontro com a do Ramalho.
Quanto a esta análise... 2 pontos que acho que não ajudam: exclusam de listas incompletas e casuais (tenho ideia que quem já tem listas longas, se vai a algum lado numa volta rápida e vê quase tudo do que "controla" faz sentido colocar apenas uma casual com algo de interessante - seja alguma espécie seja alguma contagem...) e portanto um dos factores que na minha opinião está na descida dos números das listas (completas pelo menos).
2º ponto... Julho não me parece de todo o melhor mês para fazer comparações. Ou fazer anual ou escolher um mês de passagem pré-nupcial, talvez Março, Abril ou Maio... porque Set/Out dependendo dos anos, pode dar-se uma "migração" de observadores para o sul do país...
De resto... somos poucos e basta uma parte andar mais ocupada uns meses, e há uma grande diminuição no geral

Samuel Patinha escreveu:2º ponto... Julho não me parece de todo o melhor mês para fazer comparações. Ou fazer anual ou escolher um mês de passagem pré-nupcial, talvez Março, Abril ou Maio... porque Set/Out dependendo dos anos, pode dar-se uma "migração" de observadores para o sul do país...
De resto... somos poucos e basta uma parte andar mais ocupada uns meses, e há uma grande diminuição no geral

Entendo o raciocínio, mas olha que ao contrário do que as pessoas gostam de imaginar o mês de Julho não é nada atípico em termos de número de listas.

Por exemplo em Julho deste ano (2022) houve um total de 4600 listas completas, o que compara com 4800 em Novembro, por exemplo (uma diferença inferior a 5%).
E em 2021 Julho teve praticamente tantas listas como Setembro (!)

A razão de não ter escolhido Março ou Abril tem a ver com o facto de em 2020 e 2021 ter havido muitos confinamentos nesses meses e eu ter pensado que seriam maus meses para comparar. Mas se calhar não.

Seja como for, mesmo admitindo que Julho é um mau mês para analisar, ele será mau em todos os anos, e nós estamos a comparar os sucessivos Julhos, logo a comparação é perfeitamente válida. Ilógico seria, por exemplo, comparar Julho com Fevereiro ou com Outubro  

(de qualquer forma vou fazer a análise para outro mês).

Anexo: total de listas completas em 2022, PT

Aqui fica então a análise para o mês de Outubro.

Relativamente a este mês saliento que há três distritos que em conjunto agregam metade das listas do país: Faro, Lisboa e Açores.
E este aspecto é importante porque se retirarmos estes três distritos, o total de listas do país é praticamente igual em Julho (12611) e em Outubro (12618).
Por outras palavras, o esforço em Julho e em Outubro é mais ou menos igual em todo o país, com excepção dos três distritos mencionados, em que o número de listas em Outubro é mais do dobro do número de Julho.

Relativamente aos dados de Outubro (quadro abaixo), comparando 2022 com 2021, verifica-se que o número de listas aumentou em cerca de metade dos 20 distritos / regiões e diminuiu na outra metade.
O aumento foi especialmente acentuado em Bragança e Coimbra (mais de 100% em ambos os casos).
Por outro lado, houve uma diminuição forte em vários distritos, sendo que Vila Real volta a destacar-se pela negativa, com uma quebra do número de listas para quase metade (em Julho já tinha sido este o distrito com a maior quebra do número de listas).

Quando comparamos com a média 2018-2021, mais uma vez há vários distritos que mostram em crescimento negativo do número total de listas face à média dos quatro anos anteriores, destacando-se o caso de Setúbal, em que o ano com mais listas foi 2018, ou seja, após 2018 o número de listas completas em Outubro foi sempre menor que o valor desse ano.
Por outro lado houve alguns distritos com crescimento muito expressivo, destacando-se Bragança, Coimbra, Viseu e Madeira.

Gonçalo Elias escreveu:Há dados que sugerem que a utilização do eBird em Portugal está a diminuir por comparação com os anos anteriores, ....

A análise aos meses de Julho e Outubro dos últimos 5 anos (2018 a 2022) efectuada pelo Gonçalo, revela que nestes meses em todas as regiões (Continente, Ilhas, Norte, Centro e Sul) os anos de 2021 ou 2022 foram os melhores anos dos últimos 5.
Pelo menos estes dados parecem não sugerir que a utilização do eBird em Portugal esteja a diminuir.
Serão meses pouco representativos? Talvez Março, Abril ou Maio... como sugere o Samuel?

Francisco Pires escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:Há dados que sugerem que a utilização do eBird em Portugal está a diminuir por comparação com os anos anteriores, ....

A análise aos meses de Julho e Outubro dos últimos 5 anos (2018 a 2022) efectuada pelo Gonçalo, revela que nestes meses em todas as regiões (Continente, Ilhas, Norte, Centro e Sul) os anos de 2021 ou 2022 foram os melhores anos dos últimos 5.
Pelo menos estes dados parecem não sugerir que a utilização do eBird em Portugal esteja a diminuir.
Serão meses pouco representativos? Talvez Março, Abril ou Maio... como sugere o Samuel?

Francisco,

Não tenho dúvidas que a utilização tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos.

Quando lá mais para trás escrevi que estava a diminuir referia-me concretamente a 2022, por comparação com 2021. O que eu quero dizer é que me parece que o crescimento dos anos anteriores estancou, pelo menos nalguns distritos e, nalguns casos, parece estar a inverter, por exemplo em Leiria, Guarda e Vila Real.

A situação é ainda mais evidente quando falamos de fotografias, em que claramente há uma menor utilização da plataforma para a colocação de fotos.

Boa noite!

No meu caso comecei em 2020 por isso a minha série histórica não é significativa para perceber se estou a aumentar ou diminuir o uso. Acho que o ano passado tive mais listas mas também porque estive em casa mais tempo e sempre fazia uma ou duas listas por dia da varanda.

Continuo e acho que vou continuar a fazer listas sempre que esteja "no campo" exatamente pela razão mencionada da colheita de dados. São milhares de horas de "trabalho de campo" que simplesmente seriam impossíveis de obter se fossem feitas por investigadores. E sigo-me pela velha máxima de "informação é poder".

Desconheço o eventual uso que se possa fazer em Portugal com os dados, mas pelo menos nos EUA os dados aparentam ser usados.

Francisco Pires escreveu:
Que guidelines são seguidas para, quando uma observação é prolongada no tempo ou no terreno, ou outra alteração significativa, se fazerem múltiplas listas?
Existem estas guidelines? Penso que no eBird a resposta é não. Mas há alguma piblicação de "boas práticas" neste sentido?

Acho que isto responde a esta questão: https://support.ebird.org/pt-PT/support/solutions/articles/48000795623-regras-do-ebird-e-boas-pr%C3%A1ticas#Know-when-to-start-a-new-list-

"Saiba quando começar uma nova lista
Quanto mais curta for a duração e a distância, mais valiosa é a informação. Listas muito longas feitas em áreas muito extensas dão-nos menos informação sobre exatamente onde e quando as aves ocorreram.

Quando é que deve começar uma nova lista?

Sempre que...

Mudar o local das observações
Mudar o tipo principal de habitat
Mudar o tipo de observação que está a fazer (i.e., mudar de estacionário para percurso ou vice-versa)
Estiver estacionário mais do que uma hora
Estiver a fazer um percurso maior que 1,5km (1 milha)
…considere começar uma nova lista! Ao fazê-lo, está a providenciar informação com mais detalhe sobre onde e quando observou as aves na sua lista!

Dica Pro: Recomendamos manter as listas de percurso abaixo dos 8 km (5 milhas) e as listas estacionárias com menos de 3 horas para que as suas observações tenham o maior impacto possível para a ciência. Contudo, manter as suas listas abaixo de uma hora ou um quilómetro e meio (uma milha) providência ainda uma maior precisão à lista!!

Gonçalo Elias escreveu:
A situação é ainda mais evidente quando falamos de fotografias, em que claramente há uma menor utilização da plataforma para a colocação de fotos.

Gonçalo,
Não sei quais são as tuas fontes para afirmares isso.
A minha impressão (mera impressão pelas consultas de listas ao longo deste ano e, do meu caso particular) é no sentido de haver um maior upload de fotos.

Consultei o eBird.
Para Media submetidos confirmados (excluindo os "UNCONFIRMED"), obtive os seguintes valores:

Location: Portugal
ANO Fotografia Áudio Vídeo
2018 43625 1606 10
2019 52311 2559 77
2020 64869 3042 58
2021 90689 4193 160
2022* 78359 4566 115 (*Year to date, a 1 de Dez.).

A menos que me tenha enganado ao utilizar as queries da plataforma, a evolução nos últimos 5 anos é positiva (em fotos duplicou em 5 anos, em áudio triplicou, etc).
Se tens outos dados que indiquem o contrário podes p.f. indicar.

pcaseirito escreveu:

Francisco Pires escreveu:
Que guidelines são seguidas para, quando uma observação é prolongada no tempo ou no terreno, ou outra alteração significativa, se fazerem múltiplas listas?
Existem estas guidelines? Penso que no eBird a resposta é não. Mas há alguma piblicação de "boas práticas" neste sentido?

Acho que isto responde a esta questão: https://support.ebird.org/pt-PT/support/solutions/articles/48000795623-regras-do-ebird-e-boas-pr%C3%A1ticas#Know-when-to-start-a-new-list-

Paulo, era mesmo isto que eu procurava  
Tenho procurado várias vezes no Help Center do eBird (ainda ontem o fiz antes de escrever aquilo) e, sabia que devia lá estar, tinha que lá estar mas... não encontrei!!
De hoje em diante o meu número de listas vai aumentar e a informação das minhas listas vai ter melhor qualidade!!  

OBRIGADO!

pcaseirito escreveu:Desconheço o eventual uso que se possa fazer em Portugal com os dados, mas pelo menos nos EUA os dados aparentam ser usados.

Sim nos EUA os dados são usados, pelo que sei, mas em PT creio que isso não acontece.

Francisco Pires escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:
A situação é ainda mais evidente quando falamos de fotografias, em que claramente há uma menor utilização da plataforma para a colocação de fotos.

Gonçalo,
Não sei quais são as tuas fontes para afirmares isso.
A minha impressão (mera impressão pelas consultas de listas ao longo deste ano e, do meu caso particular) é no sentido de haver um maior upload de fotos.

Consultei o eBird.
Para Media submetidos confirmados (excluindo os "UNCONFIRMED"), obtive os seguintes valores:

Location: Portugal
ANO    Fotografia   Áudio   Vídeo
2018   43625        1606    10
2019   52311        2559    77
2020   64869        3042    58        
2021   90689        4193    160
2022* 78359        4566    115 (*Year to date, a 1 de Dez.).

A menos que me tenha enganado ao utilizar as queries da plataforma, a evolução nos últimos 5 anos é positiva (em fotos duplicou em 5 anos, em áudio triplicou, etc).
Se tens outos dados que indiquem o contrário podes p.f. indicar.

Correcto. A fonte é a mesma. E como referi acima, eu concordo que a utilização tem aumentado ao longo dos últimos 5 anos. O meu comentário inicial sobre a diminuição de listas e de fotos tem a ver unicamente com os resultados de 2022 quando comparados com os de 2021.

Aliás os dados que aqui colocaste apontam nesse sentido: em 2022 tivemos até agora 78k em 11 meses, o que dá cerca de 7,1k por mês. Se fizermos uma extrapolação para 12 meses, isso dará cerca de 85-86k e eu penso que o valor final do ano não irá ficar longe disso. Se isso se confirmar, então o crescimento que se registou nos anos anteriores não terá tido continuação este ano no que diz respeito ao número de imagens carregadas.

O mesmo se pode dizer sobre o número de vídeos - se bem que, neste caso, esse número foi sempre muito reduzido.

Já no caso dos audios, nota-se uma continuação do crescimento.

A conclusão (provisória) que daqui se retira é que neste ano de 2022 se registou uma continuação do aumento do uso do eBird para colocação de ficheiros de audio, mas que no caso dos videos e das fotos parece estar a haver alguma saturação e esse crescimento poderá ter estancado.

Não deixa de ser curioso que apesar de 2022 ter sido o "ano da libertação", por contraste com o ano de 2021, que foi cheio de restrições, isso não se tenha traduzido num maior número de fotos. Isso sugere que, com covid ou sem covid, o entusiasmo por colocar fotos no eBird começa a esmorecer. Aliás a mesma conclusão pode ser obtida se fizermos a análise por região (distrito) ou até por observador: colocando o nome de alguns dos observadores que mais fotos inserem, a conclusão é a de que quase todos eles colocaram muito menos fotos em 2022 que em 2021. E se o número total de fotos em 2022 não diminuiu mais, isso deverá ter a ver com o aparecimento de novos observadores.

Vamos ver como evolui em 2023

Aqui fica o quadro com o total de fotos por distrito de por ano.

Os dados de 2022 ainda não são finais pois falta Dezembro, por isso é de esperar um incremento de 7-8% aos valores indicados para o ano corrente.

De qualquer forma podemos ver que o enorme aumento dos anos anteriores (que foi especialmente expressivo nos anos da pandemia, 2020 e 2021) não teve continuidade este ano na maioria dos distritos, com excepção de Bragança, Setúbal e talvez Aveiro.

Na maioria dos distritos o total de fotos no ano vai ficar claramente abaixo do valor de 2021. Merece destaque o caso de Évora onde o número de fotos carregadas já vem em declínio há vários anos.

A minha leitura destes dados é que está a haver uma menor adesão ao eBird por parte de muitos utilizadores, nomeadamente como plataforma para carregar as suas fotos de aves.

Gonçalo Elias escreveu:
Os dados de 2022 ainda não são finais pois falta Dezembro, por isso é de esperar um incremento de 7-8% aos valores indicados para o ano corrente.

Gonçalo,
Penso que ainda é cedo para projeccões para 2022. Os dados devem ter um delay temporal que eu eu estimo em cerca de um mês (estou a avaliar por mim, pois é esse o tempo que medeia entre eu fazer uma lista e lá carregar todas as fotos que penso carregar).
Isto significa que quanto a loading de media, os dados estarão razoavelmente fiáveis relativamenta ao período de Jan-Out de 2022. Os dados globais do ano de 2022 só deverão estar minimamente fiáveis no fim de Jan 2023.

Gonçalo Elias escreveu:
De qualquer forma podemos ver que o enorme aumento dos anos anteriores (que foi especialmente expressivo nos anos da pandemia, 2020 e 2021) não teve continuidade este ano na maioria dos distritos, com excepção de Bragança, Setúbal e talvez Aveiro.

Consultando os dados relativos ao período de Jan a Out dos anos de 2021 e 2022, obtemos o seguinte:

Dados anuais de Jan a Out
ANO Fotografias Áudios Vídeos
2021 71818 3689 147
2022 72926 4366 110

Isto revela haver um aumento, embora relativamente pequeno, de upload de fotos e de ficheiros áudio em 2022 relativamente a 2021, não um decréscimo.
Esperemos por Fevereiro de 2023 para ter dados fiáveis e confirmar ou não o trend aqui revelado.

Gonçalo Elias escreveu:

De qualquer forma podemos ver que o enorme aumento dos anos anteriores (que foi especialmente expressivo nos anos da pandemia, 2020 e 2021) não teve continuidade este ano na maioria dos distritos, com excepção de Bragança, Setúbal e talvez Aveiro.

Gonçalo, desculpa, mas tu estás a querer martelar os dados, 2021 e 2020 não podem entrar na analise, simplesmente não é possível, por varias razões, causam uma distorção fundamental na amostra, e nas fotos mais ainda.

Alem disso nas fotos, olha, por exemplo Leiria, se há pelágicas tens muito mais fotos, aparece 1-2 raridades boas disparam as fotos, porque Leiria não tem basicamente observadores que usem o eBird e coloquem fotos (em %), é quase tudo malta de fora. Aposto contigo que este ano em Leiria vai disparar o numero de fotos, tiveste pelágicas, tens agora a Sabine, tiveste as gavias, é sempre a somar. daqui a um mês ou dois tens as fotos online.

tens aumentos em Vila Real? é só ver quem foi para lá trabalhar.

Setúbal diminuiu de 2019 para 2020? curiosamente um utilizador que faz muitas listas deixou de morar no Distrito. E Curiosamente o distrito para onde foi sofreu um aumento.

Castelo Branco aumentou? Foram para lá dois eBirders prolíficos.

A Madeira deu um salto? tudo explicável por 1-2 observadores terem ido morar para lá.

Portalegre aumenta? foste tu.

É tudo assim, os super utilizadores tem uma importância brutal.

Francisco Pires escreveu:
Esperemos por Fevereiro de 2023 para ter dados fiáveis e confirmar ou não o trend aqui revelado.

Ok é justo. Aguardemos então por esse delay.

pedro121 escreveu:Gonçalo, desculpa, mas tu estás a querer martelar os dados, 2021 e 2020 não podem entrar na analise, simplesmente não é possível, por varias razões, causam uma distorção fundamental na amostra, e nas fotos mais ainda.  

Eu não estou a martelar nada. Estou a usar dados reais e até tive o cuidado de considerar a amostra desde 2018 para ter uma visão mais alargada.

Tu é que queres à força que os anos de 2020 e 2021 não possam ser considerados como comparação. Mas a realidade é esta: em 2021 houve mais fotos e, em muitos casos, mais listas que em 2022. Podes procurar as justificações que quiseres, mas os números são estes e não estão martelados.

pedro121 escreveu:Alem disso nas fotos, olha, por exemplo Leiria, se há pelágicas tens muito mais fotos, aparece 1-2 raridades boas disparam as fotos, porque Leiria não tem basicamente observadores que usem o eBird e coloquem fotos (em %), é quase tudo malta de fora. Aposto contigo que este ano em Leiria vai disparar o numero de fotos, tiveste pelágicas, tens agora a Sabine, tiveste as gavias, é sempre a somar. daqui a um mês ou dois tens as fotos online.

Ok aguardemos então.

pedro121 escreveu:tens aumentos em Vila Real? é só ver quem foi para lá trabalhar.

Setúbal diminuiu de 2019 para 2020? curiosamente um utilizador que faz muitas listas deixou de morar no Distrito. E Curiosamente o distrito para onde foi sofreu um aumento.

Castelo Branco aumentou? Foram para lá dois eBirders prolíficos.

A Madeira deu um salto? tudo explicável por 1-2 observadores terem ido morar para lá.

Portalegre aumenta? foste tu.

É tudo assim, os super utilizadores tem uma importância brutal.  

A tua conversa pode ser resumida de uma forma muito simples: a partir do momento em que o desempenho de um qualquer distrito depende do desempenho de 1-2 utilizadores, isso facilmente permite concluir que a base de utilização é realmente muitíssimo baixa. Se fosse alta, a entrada ou a saída de um qualquer utilizador (independentemente de ser super ou não) não teria grande impacto no resultado global. Mas como a utilização é baixa, os resultados ficam dependentes desses superutilizadores. Basta que eles desmotivem e... puff.

Parece-me que a tua análise está toda inquinada e baseia-se em pressupostos errados. Não vou comentar os casos casos todos, limito-me a comentar este:

"Portalegre aumenta? foste tu." - errado. Portalegre não aumentou. Diminuiu, e diminuiu bastante, tanto em Julho, como em Outubro, como aliás em fotos (e eu faço muito poucas fotos, como penso que sabes).

E curiosamente eu até fiz mais listas no distrito este ano de 2022 que no ano anterior de 2021.

Lá vai a teoria do superutilizador para o galheiro  

Gonçalo Elias escreveu:

Tu é que queres à força que os anos de 2020 e 2021 não possam ser considerados como comparação. Mas a realidade é esta: em 2021 houve mais fotos e, em muitos casos, mais listas que em 2022. Podes procurar as justificações que quiseres, mas os números são estes e não estão martelados.

mas o teu erro é esse, tu equivales a anos de pandemia logo menos listas e fotos, eu faço exactamente o contrario, mais fotos seguramente e talvez mais listas. Ou seja para mim pelo menos em fotos, houve mais por serem anos em que o pessoal ficou em casa.

Gonçalo Elias escreveu:
"Portalegre aumenta? foste tu." - errado. Portalegre não aumentou. Diminuiu, e diminuiu bastante, tanto em Julho, como em Outubro, como aliás em fotos (e eu faço muito poucas fotos, como penso que sabes).

Não literalmente, pareceu-me obvio que era figurativamente. Eu não fui ver os números reais.

pedro121 escreveu:mas o teu erro é esse, tu equivales a anos de pandemia logo menos listas e fotos, eu faço exactamente o contrario, mais fotos seguramente e talvez mais listas. Ou seja para mim pelo menos em fotos, houve mais por serem anos em que o pessoal ficou em casa.

Onde divergimos é que tu achas que a pandemia teve impacto no número de listas e de fotos e que houve aqui uma grande componente conjuntural, ao passo que o que eu defendo é que a questão é estrutural: com ou sem pandemia, está a haver um progressivo desinteresse por parte de muitos utilizadores, levando a um achatamento do crescimento do número de listas e de fotos.

pedro121 escreveu:Não literalmente, pareceu-me obvio que era figurativamente. Eu não fui ver os números reais.

Pareceu-me obvio que não foste ver os números reais

Francisco,

Conforme escrevi acima, podemos esperar por Fevereiro para ver os números finais deste ano.

Contudo, parece-me importante salientar que a diminuição do número de fotos ao longo de 2022 já vem desde o início do ano e houve quebras em torno dos 10% a partir de Março.

Só em Outubro é que houve um aumento mas foi marginal.

Portanto mesmo que venham ainda a ser carregadas muitas fotos de Novembro e que isso atenue a quebra global de 2022, os dados deixam claro que já desde há oito meses que se verifica uma diminuição do número de fotos e não me parece expectável que ainda venham a ser carregadas muitas fotos da Primavera ou do Verão passados.

Como referi na mensagem anterior, a questão é estrutural.

Fiz uma outra análise das fotos, desta vez o total de fotos carregadas por espécie.

Para o efeito, escolhi ao acaso um conjunto de 15 espécies de diferentes famílias, umas mais comuns e outras mais escassas.

Também aqui a diminuição foi generalizada: em 13 das 15 espécies o número de fotos em 2022 face a 2021 (nalguns casos de forma muito acentuada), apenas no caso de Lar arg e Emb cir houve um aumento do número de fotos, sendo que na segunda o aumento foi ligeiro.

Gonçalo Elias escreveu:Francisco,

Conforme escrevi acima, podemos esperar por Fevereiro para ver os números finais deste ano.

Contudo, parece-me importante salientar que a diminuição do número de fotos ao longo de 2022 já vem desde o início do ano e houve quebras em torno dos 10% a partir de Março.

Eu sei a razão para estes "comportamentos anómalos" entre meses do ano e já a vais ver no meu comentário seguinte.

Gonçalo Elias escreveu:
Só em Outubro é que houve um aumento mas foi marginal.

E nem um comentário relativamente aos estrondosos aumentos havidos em Jan e Fev de 2022 (de 60% e 49% respectivamente) ?

O carregamento de fotos em eBird não é um processo cujos factores de variação estejam controlados (talvez nem seja possivel de o serem). Por esse motivo a análise estatística de variações entre períodos com grande granularidade (maior que a do período de um ano, diria eu) não terá grande valor, se algum tem, porque não são explicáveis com base em factores de variação. Daí a que não haja lugar a tirar conclusões pois serão sempre especulativas.

Como mostrei acima, a comparação entre períodos homólogos de 2021 e 2022 revela que 2022 não se mostra pior que 2021, tem um crescimento de 1.5%. É tudo o que acho se pode dizer para já.

E até Fevereiro não voltarei a este debate pois tenho muitas fotos de 2022 ainda por carregar.  
Não quero contribuir para que o ano seja mau neste aspecto!  

Gonçalo Elias escreveu:

Onde divergimos é que tu achas que a pandemia teve impacto no número de listas e de fotos e que houve aqui uma grande componente conjuntural, ao passo que o que eu defendo é que a questão é estrutural: com ou sem pandemia, está a haver um progressivo desinteresse por parte de muitos utilizadores, levando a um achatamento do crescimento do número de listas e de fotos.

Não há nenhuma divergência nessa questão, se voltares a ler o que escrevi no inicio, eu dei o meu exemplo para ilustrar o menor numero de listas.

A questão é que dado a conjectura é abusivo considerar que 2020/2021 não são outliers, simplesmente não sabemos, só o futuro nos dirá.

Gonçalo Elias escreveu:

Portanto mesmo que venham ainda a ser carregadas muitas fotos de Novembro e que isso atenue a quebra global de 2022, os dados deixam claro que já desde há oito meses que se verifica uma diminuição do número de fotos e não me parece expectável que ainda venham a ser carregadas muitas fotos da Primavera ou do Verão passados.

Bem, falando por mim, basicamente não carreguei nada de 2022, mas finalmente despachei 2020, e só me faltam umas de 2021, a questão Gonçalo é que para as não raridades (e no meu caso até para essas) há pessoal que demora mesmo muito tempo, eu posso ser um extremo, com um atraso de 2 anos, mas um ano de atraso é vulgar.

Gonçalo Elias escreveu:

pcaseirito escreveu:Desconheço o eventual uso que se possa fazer em Portugal com os dados, mas pelo menos nos EUA os dados aparentam ser usados.

Sim nos EUA os dados são usados, pelo que sei, mas em PT creio que isso não acontece.

Francisco Pires escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:
A situação é ainda mais evidente quando falamos de fotografias, em que claramente há uma menor utilização da plataforma para a colocação de fotos.

Gonçalo,
Não sei quais são as tuas fontes para afirmares isso.
A minha impressão (mera impressão pelas consultas de listas ao longo deste ano e, do meu caso particular) é no sentido de haver um maior upload de fotos.

Consultei o eBird.
Para Media submetidos confirmados (excluindo os "UNCONFIRMED"), obtive os seguintes valores:

Location: Portugal
ANO    Fotografia   Áudio   Vídeo
2018   43625        1606    10
2019   52311        2559    77
2020   64869        3042    58        
2021   90689        4193    160
2022* 78359        4566    115 (*Year to date, a 1 de Dez.).

A menos que me tenha enganado ao utilizar as queries da plataforma, a evolução nos últimos 5 anos é positiva (em fotos duplicou em 5 anos, em áudio triplicou, etc).
Se tens outos dados que indiquem o contrário podes p.f. indicar.

Correcto. A fonte é a mesma. E como referi acima, eu concordo que a utilização tem aumentado ao longo dos últimos 5 anos. O meu comentário inicial sobre a diminuição de listas e de fotos tem a ver unicamente com os resultados de 2022 quando comparados com os de 2021.

Aliás os dados que aqui colocaste apontam nesse sentido: em 2022 tivemos até agora 78k em 11 meses, o que dá cerca de 7,1k por mês. Se fizermos uma extrapolação para 12 meses, isso dará cerca de 85-86k e eu penso que o valor final do ano não irá ficar longe disso. Se isso se confirmar, então o crescimento que se registou nos anos anteriores não terá tido continuação este ano no que diz respeito ao número de imagens carregadas.

O mesmo se pode dizer sobre o número de vídeos - se bem que, neste caso, esse número foi sempre muito reduzido.

Já no caso dos audios, nota-se uma continuação do crescimento.

A conclusão (provisória) que daqui se retira é que neste ano de 2022 se registou uma continuação do aumento do uso do eBird para colocação de ficheiros de audio, mas que no caso dos videos e das fotos parece estar a haver alguma saturação e esse crescimento poderá ter estancado.

Não deixa de ser curioso que apesar de 2022 ter sido o "ano da libertação", por contraste com o ano de 2021, que foi cheio de restrições, isso não se tenha traduzido num maior número de fotos. Isso sugere que, com covid ou sem covid, o entusiasmo por colocar fotos no eBird começa a esmorecer. Aliás a mesma conclusão pode ser obtida se fizermos a análise por região (distrito) ou até por observador: colocando o nome de alguns dos observadores que mais fotos inserem, a conclusão é a de que quase todos eles colocaram muito menos fotos em 2022 que em 2021. E se o número total de fotos em 2022 não diminuiu mais, isso deverá ter a ver com o aparecimento de novos observadores.

Vamos ver como evolui em 2023

eu não concordo com essa análise tão científica dos números. Se reparares, dos dados apresentados dos últimos 5 anos, 2022 é já o segundo melhor ano em termos de fotos, com um aumento um bocado abaixo do dobro dos anos mais baixos... Além que o número de fotos pode estar muito relacionado com as espécies que aparecem. Eu não sou um bom exemplo. Mas falando de mim, eu ultimamente (alguns anos mais recentes) praticamente só coloco fotos de aves mais raras, quer para validar registos quer por ter perdido algum tempo com alguma espécie em concreto. E penso que isso está de certa maneira relacionado na medida que se aparece um ave mais incomum, há muitos observadores, alguns dos quais que nem usam muito o ebird que metem listas com fotos. E esses casos variam muito consoante os anos. Por ex, Esmoriz este ano quase não teve nada de "interessante" comparativamente ao ano passado. O ano passado teve 1562 fotos e este ano vai com 1065... cerca de 2/3. E quem diz este caso, devem haver muitos mais similares. Ou seja, cada ano é um ano e acho que não se consegue extrapolar assim este género de dados. Dá para fazer comparações mas não sei até que ponto dá para se tirar conclusões.

Francisco Pires escreveu:
E nem um comentário relativamente aos estrondosos aumentos havidos em Jan e Fev de 2022 (de 60% e 49% respectivamente) ?

Simples: em Janeiro e Fevereiro de 2021 nem se podia sair de casa devido às regras de confinamento em vigor. Estas regras foram relaxadas nos meses seguintes.

Francisco Pires escreveu:O carregamento de fotos em eBird não é um processo cujos factores de variação estejam controlados (talvez nem seja possivel de o serem). Por esse motivo a análise estatística de variações entre períodos com grande granularidade (maior que a do período de um ano, diria eu) não terá grande valor, se algum tem, porque não são explicáveis com base em factores de variação. Daí a que não haja lugar a tirar conclusões pois serão sempre especulativas.

Eu não tirei conclusões para além daquilo que os números mostram: em 7 dos últimos 8 meses houve uma diminuição do número de fotos carregadas (não estou a contar Novembro)

Francisco Pires escreveu:Como mostrei acima, a comparação entre períodos homólogos de 2021 e 2022 revela que 2022 não se mostra pior que 2021, tem um crescimento de 1.5%. É tudo o que acho se pode dizer para já.

Está bem, eu entendo a tua análise, que respeito. Vou contudo continuar a partilhar o meu ponto de vista com novas análises

Francisco Pires escreveu:E até Fevereiro não voltarei a este debate pois tenho muitas fotos de 2022 ainda por carregar.  
Não quero contribuir para que o ano seja mau neste aspecto!  

pedro121 escreveu:
Não há nenhuma divergência nessa questão, se voltares a ler o que escrevi no inicio, eu dei o meu exemplo para ilustrar o menor numero de listas.

A questão é que dado a conjectura é abusivo considerar que 2020/2021 não são outliers, simplesmente não sabemos, só o futuro nos dirá.

Exacto. Tu apresentaste a razão para tu teres vindo a submeter menos listas, a qual nada teve a ver com a pandemia.

E no entanto não deixas de presumir que a pandemia influenciou o comportamento dos outros observadores. Tá certo

pedro121 escreveu:Bem, falando por mim, basicamente não carreguei nada de 2022, mas finalmente despachei 2020, e só me faltam umas de 2021, a questão Gonçalo é que para as não raridades (e no meu caso até para essas) há pessoal que demora mesmo muito tempo, eu posso ser um extremo, com um atraso de 2 anos, mas um ano de atraso é vulgar.

É possível que tenhas razão, de qualquer forma os números dos anos anteriores podem sempre ser actualizados no futuro com os novos carregamentos que entretanto cheguem.

Entretanto fiz mais uma análise, desta vez por país. Comparei 20 países europeus, incluindo Portugal.

O quadro mostra o número de fotos por ano, por país. A verde o melhor ano de cada país, a vermelho os casos em que o número de fotos diminuiu face ao ano anterior.

Agrupei os países que tiveram um padrão semelhante em termos de subidas e descidas.

Em primeiro lugar nota-se (Grupo 1) que há vários países em que parece que não houve pandemia, porque o número total de fotos subiu todos os anos e estão em máximos de sempre (assumindo que os valores anteriores a 2018 eram inferiores aos apresentados).

Depois temos o Grupo 2, onde está Portugal e que engloba os países que cresceram até 2021 e tiveram uma diminuição este ano de 2022 (sendo que a Alemanha está muito perto de ter crescimento e ainda poderá vir a transitar para o Grupo 1). Já aqui foi referido que a eventual saturação de Portugal poderia estar relacionada com o facto de o eBird ter entrado em PT antes de se ter tornado popular no resto da Europa. Mas se isso fosse a principal razão, todos os outros países deveriam ainda estar a subir. Sucede, porém, que este é o grupo mais numeroso, reunindo 7 de entre os 20 países analisados. Terá havido vários países que saturaram mais cedo em matéria de fotos?

O Grupo 3 tem os países onde houve uma redução em 2020 (primeiro ano de pandemia) seguido de recuperação nos dois anos seguintes, tendo surgido um novo máximo em 2022. Neste grupo o impacto da pandemia parece ter causado uma redução temporária, seguida de recuperação.

o Grupo 4, que só tem a Bélgica, é parecido mas a redução causada pela pandemia só chegou em 2021.

O Grupo 5 só contém a Grécia é parecido com o Grupo 3 mas não chegou a atingir um novo máximo em 2022 (ainda poderá lá chegar).

Por fim, o Grupo 6 é um caso especial - o da Ucrânia - e mostra até que ponto o impacto da pandemia foi pequeno quando comparado com um conflito armado.