Reflexões de um novato (e autodidata) - o e-bird...

Gonçalo Elias escreveu:
Não te apetecer também é um motivo  
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Um motivo ou uma consequência? Eu deveria ter um motivo para não me apetecer, o não me apetecer não é a consequência desse motivo?

HL escreveu:Quanto às fotos, se houver mais gente a avaliar então as supostas manipulações diminuem.

Exacto. "Se". Só que não há.

HL escreveu:Também é preciso que se entenda como é feita a avaliação, eu diria que uma grande parte dos utilizadores não sabe como aplicar a pontuação.

É provável.

HL escreveu:Eu diria que em Portugal há um crescimento de interresse em fotografar aves. O crescimento em ebirders (utilizadores assíduos) deve ser bem menor.

Também é provável.

pedro121 escreveu:3) "porque não obtinham qualquer feed-back das fotos" e não é suposto terem, se precisam de palmadinhas nas costas (e todos precisamos) tem o Instagram.

Exacto e por isso bazam.

pedro121 escreveu:Ps: Razão para deixar de submeter listas, conflictos com os revisores, esta é simplesmente estranha, mas acho que a maioria não entende realmente como funciona o eBird.

Para entenderem seria necessário que houvesse alguém que lhes explicasse...

pedro121 escreveu:Um motivo ou uma consequência? Eu deveria ter um motivo para não me apetecer, o não me apetecer não é a consequência desse motivo?

Podes ver as coisas dessa forma, poderá haver outros que perderam o interesse por razões semelhantes às tuas ou por razões diferentes.

Como referi acima, eu adiantei uma possível explicação, ainda que de forma algo especulativa. Sinceramente as razões interessam-me pouco, o que me interessa é perceber como é que isto está a evoluir. E sobre isto, já concordei contigo que as listas completas são o principal indicador (embora me pareça que o número de fotos também dê pistas importantes sobre a forma como a plataforma está a ser usada).

Gonçalo Elias escreveu:

pedro121 escreveu:Ps: Razão para deixar de submeter listas, conflictos com os revisores, esta é simplesmente estranha, mas acho que a maioria não entende realmente como funciona o eBird.

Para entenderem seria necessário que houvesse alguém que lhes explicasse...

Está tudo nos ficheiros de ajuda.

pedro121 escreveu:Está tudo nos ficheiros de ajuda.

Eu sei, tu sabes, o Gonçalo sabe.

Provavelmente uma boa parte dos utilizadores PT nunca leu os ficheiros de ajuda, pelo menos os ficheiros principais.
Porque é que não leram? Não sei, mas provavelmente por desconhecimento e/ou porque dá trabalho. E hoje tudo tem de ser imediato, ou então descarta-se.

pedro121 escreveu:Está tudo nos ficheiros de ajuda.

Repara que muita gente começou a usar o eBird apenas por arrasto ou sugestão de outras pessoas que lhes disseram "mete isso no eBird". Muitos desses novos utilizadores corresponderam ao pedido e até começaram a usar porque acharam (e bem) que estão a dar um contributo. Mas provavelmente nunca sentiram curiosidade ou necessidade de ir ler os ficheiros de ajuda. As pessoas vão procurar ajuda quando têm uma dúvida... não vão ler os ficheiros de ajuda só porque sim.

Gonçalo Elias escreveu:As pessoas vão procurar ajuda quando têm uma dúvida... não vão ler os ficheiros de ajuda só porque sim.

Talvez seja defeito professional, mas eu antes de usar um equipamento leio sempre o manual de instruções, e antes de usar o eBird fui dar uma olhada pelos ficheiros.

Mas cada maluco com a sua mania.

Aqui fica o quadro com as listas completas por mês, de 2018 a 2022. A verde assinala-se o melhor ano, para cada um dos doze meses.

Os valores de Dezembro de 2022 ainda não serão finais mas creio que não irá variar muito mais.

Olhando para estes números podemos constatar duas coisas:
1 - O número total de listas completas em 2022 não aumentou face a 2021 (e mesmo que ainda entrem mais 210 listas, o aumento será marginal)
2 - Em sete dos doze meses do ano, o número de listas completas diminuiu face ao ano anterior

Mantenho a minha tese, já descrita anteriormente, de que a utilização do eBird em Portugal está a estagnar, possivelmente devido a uma perda de interesse por parte de muitos utilizadores, a que acresce a falta de recrutamento de novos utilizadores.

Conforme já escrevi no dia 5 de Dezembro, "Só mudarei de opinião se em 2023 forem feitos novos máximos absolutos em mais de metade dos meses do ano (isto é, em pelo menos 7) e se o total global anual superar o anterior máximo anual em pelo menos 5% - tomando 2021 como referência isso significa um mínimo de 66222 listas completas."

Gonçalo Elias escreveu:

Olhando para estes números podemos constatar duas coisas:
1 - O número total de listas completas em 2022 não aumentou face a 2021 (e mesmo que ainda entrem mais 210 listas, o aumento será marginal)

Se colocares os valores anuais totais num gráfico, e fizeres uma recta, vês que 2022 está perfeitamente alinhado com a recta, mas que 2021 está muito acima, portanto em termos de estatística quem está fora da "curva" é 2021, já que 2022 está dentro da recta.

pedro121 escreveu:Se colocares os valores anuais totais num gráfico, e fizeres uma recta, vês que 2022 está perfeitamente alinhado com a recta, mas que 2021 está muito acima, portanto em termos de estatística quem está fora da "curva" é 2021, já que 2022 está dentro da recta.

Aceitando a tua tese de que 2021 é o ano fora da curva, eu pergunto: como se explica esse desvio para cima, ainda para mais num ano marcado pelo covid e por montes de confinamentos?

Aqui fica mais um gráfico, com a evolução do número de listas completas, semana a semana, e indicação da respectiva percentagem de variação.

Marquei a verde quando a variação foi positiva acima de +5% e a vermelho quando foi negativa abaixo de -5%. Quando ficou entre -5% e +5% considerei que não houve variação expressiva e por isso está a branco.

Note-se que em termos de calendário o eBird considera sempre quatro semanas por mês, sendo que a última "semana" vai de 22 até ao final do mês, pelo que pode ter 9 ou 10 dias. Isto significa que na prática a quarta semana de cada mês é mais longa e por isso tem sempre mais listas que as três primeiras, que têm todas sete dias.

Podemos ver que das 48 semanas do ano, houve uma variação negativa em 16 delas. As que tiveram uma variação positiva concentram-se sobretudo nos primeiros dois meses (em 2021 tinha havido confinamento) e durante o Verão. Em contrapartida, houve diminuições expressivas na Primavera e no Outono.

Gonçalo Elias escreveu:

Aceitando a tua tese de que 2021 é o ano fora da curva, eu pergunto: como se explica esse desvio para cima, ainda para mais num ano marcado pelo covid e por montes de confinamentos?

Eu não tenho tese para explicar, e nem preciso de o fazer, apenas estou a dizer que fazendo o gráfico dos últimos 5 anos, 2021 fica visualmente fora da recta, e temos um R² = 0,9252 o que é mau, mas se tiramos 2021 o R fica muito melhor (R² = 0,9906), mas sem 2022 fica pior (R² = 0,9203), ou seja o valor que está fora da curva é 2021.

pedro121 escreveu:Eu não tenho tese para explicar, e nem preciso de o fazer

Claro que não precisas de o fazer.

Mas continuo a registar a tua resistência em aceitar a possibilidade de que possa estar a haver um progressivo desinteresse pelo eBird por parte de um número crescente de observadores

Gonçalo Elias escreveu:

Mas continuo a registar a tua resistência em aceitar a possibilidade de que possa estar a haver um progressivo desinteresse pelo eBird por parte de um número crescente de observadores

Não sei como podes concluir isso, quando já disse isso varias vezes ao longo desta discussão, não nesses termos talvez, mas em termos equivalentes. Alem disso eu sou do contra, não estás certamente á espera que vá contra a minha natureza?

pedro121 escreveu:Alem disso eu sou do contra, não estás certamente á espera que vá contra a minha natureza?

Claro que não, pelo contrário eu até prefiro debater com pessoas que têm opiniões diferentes das minhas - eu costumo dizer que se estivéssemos sempre todos de acordo em tudo isto não tinha graça nenhuma

Gonçalo Elias escreveu:

pedro121 escreveu:Se colocares os valores anuais totais num gráfico, e fizeres uma recta, vês que 2022 está perfeitamente alinhado com a recta, mas que 2021 está muito acima, portanto em termos de estatística quem está fora da "curva" é 2021, já que 2022 está dentro da recta.

Aceitando a tua tese de que 2021 é o ano fora da curva, eu pergunto: como se explica esse desvio para cima, ainda para mais num ano marcado pelo covid e por montes de confinamentos?

O pessoal esteve mais tempo por casa, teve mais tempo para fazer listas no quintal? Com o trabalho remoto, conseguia tirar um bocadinho para ver aves que de outra maneira não conseguia?

Samuel Patinha escreveu:

O pessoal esteve mais tempo por casa, teve mais tempo para fazer listas no quintal? Com o trabalho remoto, conseguia tirar um bocadinho para ver aves que de outra maneira não conseguia?

Parece-me que este é um fator importante na análise estatística. Uma análise fina que diferencie listas em hotspots e listas em locais pessoais em zona urbana, listas de curta duração e listas de horas de duraçã, etc, responderia a isso.
Mas a esta altura do campeonato, aguardar até ter dados de pelo menos mais um ano, para clarificar a tendência e deixar desvanecer artefactos estatísticos talvez seja a melhor opção.

Samuel Patinha escreveu:
O pessoal esteve mais tempo por casa, teve mais tempo para fazer listas no quintal? Com o trabalho remoto, conseguia tirar um bocadinho para ver aves que de outra maneira não conseguia?

Em Espanha também houve confinamentos e no entanto não se verificou igual padrão, pois em 2022 o total de listas foi a novos máximos.

A minha visão mantém-se: os grandes utilizadores dos anos anteriores estão a submeter menos listas e não está a haver recrutamento de novos utilizadores em número suficiente para compensar essa diminuição.

Gonçalo Elias escreveu:
Em Espanha também houve confinamentos e no entanto não se verificou igual padrão, pois em 2022 o total de listas foi a novos máximos.

Os espanhóis estão quantos anos atrasados em relação a nós em termos de adesão ao eBird, 5-6? o abrandamento deverá ser igualmente atrasado.

Samuel Patinha escreveu:

O pessoal esteve mais tempo por casa, teve mais tempo para fazer listas no quintal? Com o trabalho remoto, conseguia tirar um bocadinho para ver aves que de outra maneira não conseguia?

O mesmo foi verdade em 2020, quanto muito podes argumentar que 2021 com o teletrabalho e com o trabalho presencial parcial havia mais hipóteses de ver aves durante a semana.

pedro121 escreveu:Os espanhóis estão quantos anos atrasados em relação a nós em termos de adesão ao eBird, 5-6? o abrandamento deverá ser igualmente atrasado.

Não sei como medes esse atraso, de qualquer forma penso que não terão sido tantos anos. Talvez 3 ou 4.
Mas o facto de terem começado mais tarde não significa necessariamente que a evolução seja semelhante, isto é, que sature ao fim de um período temporal idêntico.

pedro121 escreveu:O mesmo foi verdade em 2020, quanto muito podes argumentar que 2021 com o teletrabalho e com o trabalho presencial parcial havia mais hipóteses de ver aves durante a semana.

Onde divergimos é que tu estás a considerar que esta evolução é conjuntural (ou seja, devido aos desconfinamentos) e eu considero que é estrutural (ou seja, que a utilização está a abrandar por falta de interesse).

Gonçalo Elias escreveu:

pedro121 escreveu:Os espanhóis estão quantos anos atrasados em relação a nós em termos de adesão ao eBird, 5-6? o abrandamento deverá ser igualmente atrasado.

Não sei como medes esse atraso, de qualquer forma penso que não terão sido tantos anos. Talvez 3 ou 4.
Mas o facto de terem começado mais tarde não significa necessariamente que a evolução seja semelhante, isto é, que sature ao fim de um período temporal idêntico.
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Talvez seja possível medir com os dados do Big Day, mas não estou bem certo de como fazer já que obviamente teríamos que fazer uma correcção para compensar a diferença da população.

Actualização do número de fotos carregadas, por mês, para o total de PT.

O suposto grande aumento que se ia registar em Novembro por via das fotos ainda não carregadas afinal não se verificou (houve um aumento modesto de 10% no espaço de um mês e meio).

Comparando 2022 com 2021 vemos que houve aumentos no número de fotos em Janeiro, Fevereiro e Outubro, ao passo que nos restantes meses houve diminuições - estas foram especialmente expressivas em Novembro e Dezembro.

Mantenho tudo o que escrevi anteriormente sobre o declínio da plataforma eBird para carregar fotos de aves por parte dos observadores portugueses.

(sim, sim, eu sei que a métrica ideal são as listas completas, e brevemente voltarei a esse assunto, mas também gosto de ver como está a evoluir o número de fotos e esse claramente está a diminuir)

Gonçalo Elias escreveu:

(sim, sim, eu sei que a métrica ideal são as listas completas, e brevemente voltarei a esse assunto, mas também gosto de ver como está a evoluir o número de fotos e esse claramente está a diminuir)

Sim, sim, -3%, claramente a diminuir.

pedro121 escreveu:Sim, sim, -3%, claramente a diminuir.

E só não diminuiu mais porque no primeiro trimestre subiu bastante (o que se explica facilmente pelos confinamentos do ano anterior).

Se analisarmos trimestralmente, as variações foram estas:
1º trimestre: +31%
2º trimestre: -8%
3º trimestre: -8%
4º trimestre: -15%

A tendência de diminuição está lá. Só não vê quem não quer.

pedro121 escreveu:
Talvez seja possível medir com os dados do Big Day, mas não estou bem certo de como fazer já que obviamente teríamos que fazer uma correcção para compensar a diferença da população.  

Bom, alguém tinha de o fazer..

Comparei os nossos números brutos com Espanha, Reino Unido, Carolina do Norte e Nova Zelândia. Espanha pela proximidade e porque era a comparação pedida. Reino Unido porque "tradição". Carolina porque tem uma população parecida com Portugal e permite comparação com EUA. Nova Zelândia porque tem metade da nossa população, mas tem tido número de listas completas no eBird parecidos com os nossos.

Como sabem há o Global Big Day em maio e o October Big Day, mas os outubro começaram mais tarde (4 anos mais tarde) e têm tido níveis e esforço menores. O gráfico ficava aos altos e baixos em todos os países. Por isso, depois de uma primeira versão com tudo, corrigi usando apenas os dados do Global Big Day.


Depois, fiz uma segunda versão dos dados (esta torna a respostas à questão um pouco mais visível). Os números de listas completas no Big Day de maio para cada ano são comparados com o número máximo nesse país. Assim, o pico é sempre identificável e o aumento/decréscimo relativo são visivelmente comparáveis.